Audição de ex-Presidente na Comissão de Inquérito domina imprensa na Mauritânia
Nouakchott, Mauritânia (PANA) - A imprensa na Mauritânia comentou extensivamente a convocação do ex-Presidente Mohamed ould Abdel Aziz (2008-2019) por uma Comissão de Inquérito Parlamentar (CEP) para uma audição sobre a sua governação, nomeadamente a alegada adjudicação irregular de contratos a familiares e amigos durante a última década.
A audiência estava inicialmente agendada para a última quinta-feira, mas o ex-chefe de Estado não compareceu.
"É Aziz obrigado a comparecer?", questiona o Diário Nouakchott, publicando o conteúdo da convocação dos deputados dirigida ao antigo chefe de Estado.
Sob o título "Alta Traição", o semanário "Le Calame" dedicou um editorial ao mesmo caso.
Para este jornal, o cerco está a apertar-se em torno do ex-Presidente Mohamed ould Abdel Aziz, convocado pela CEP, que já ouviu os seus três primeiros-ministros e vários membros do seu governo".
O semanário considera que a CEP Aziz "terá muito trabalho a fazer para se justificar, uma vez que os seus antigos colaboradores reconheceram reiteradamente que, nos casos sulfurosos pelos quais foram convocados, as ordens vieram diretamente dele".
O mesmo jornal noticiou igualmente que foi oferecida ao Emir do Qatar a oportunidade de vender uma ilha a 100 quilómetros a norte de Nouakchott, mas que este último acabou por declinar e que os deputados poderiam usar esta oferta como base para a acusação de "alta traição", o único delito que pode levar à responsabilização criminal de um Presidente da República, ao abrigo da Constituição.
Por seu turno, o diário "l'Authentique" questiona se Mohamed ould Abdel Aziz "vai mesmo responder pelas suas ações".
Este jornal descreve "o cenário há muito esperado de um Mohamed ould Abdel Aziz no banco dos réus", por implicação em vários casos e negócios ligados aos 11 anos que passou no poder.
-0- PANA SAS/JSG/SOC/DIM/IZ 12julho2020