Ativistas condenam "exclusão" de negros das forças de defesa e segurança na Mauritânia
Nouakchott, Mauritânia (PANA) – O movimento contestatário mauritano "Não Toque na Minha Nacionalidade (TPMN)" insurgiu-se quarta-feira contra o que chamou de "depuração" das forças de defesas e segurança dos elementos saídos da comunidade negra.
O TPMN tem-se destaca pela denúncia das dificuldades de acesso aos documentos do estado civil para as populações negro-africanas.
Numa declaração divulgada quarta-feira à noite, na capital mauritana, Nouakchott, o movimento contestário considera que a movimentação verificada segunda-feira no seio das forças de defesa e segurança constitui a "conclusão de uma vasta operação de depuração dos elementos saídos da comunidade negra, iniciada em 1987".
Diz tratar-se de "uma iniciativa de retirada de negros do Exército iniciada em 1987 cuja fase decisiva se situa no início dos anos 1990, com as execuções extrajudiciais de 500 militares negros".
O TPMN refere-se, nomeadamente, "aos 28 militares enforcados, em Inal, no norte do país, durante a noite de 27 de novembro de 1990, para celebrar o 30º aniversário da independência nacional”.
Na sua declaração, denuncia a promoção, para chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGA), do general Mohamed ould Meguett, "citado em todos os relatórios e testemunhos dos sobreviventes de campos de exterminação dos anos de brasa".
Nesses relatórios e testemunhos, o general Meguett é citado como tendo pessoalmente participado nas torturas e execuções extrajudiciais de alguns dos seus irmãos de armas, segundo o TPMN.
A declaração "denuncia com veemência a transformação do Exército Nacional em Exército comunitário, um insulto à memória de todas as vitimas dos anos de brasa”.
-0- PANA SAS/TBM/FK/IZ 11junho2020