PANAPRESS
Agência Panafricana de Notícias
Ativista angolano Rafael Marques vence prémio herói da liberdade de imprensa
Luanda, Angola (PANA) - O jornalista e ativista angolano Rafael Marques de Morais venceu a edição deste ano do prémio “Herói Mundial da Liberdade de Imprensa”, atribuído anualmente pelo Instituto Internacional da Imprensa (IPI), anunciaram os organizadores.
Com esta distinção, Rafael Marques torna-se, depois do Português Nuno Rocha e do Brasileiro Júlio de Mesquita Neto, no terceiro jornalista lusófono a receber o galardão criado há 70 anos.
A entrega do prémio este ano terá lugar a 22 de junho na capital nigeriana, Abuja, durante o Congresso Mundial e a Assembleia Geral anual do IPI.
O prémio é atribuído a jornalistas que "contribuem de forma relevante" para a promoção da liberdade de imprensa.
Num comunicado, o IPI realça que o prémio Herói Mundial da Liberdade de Imprensa homenageia jornalistas "que deram uma contribuição significativa para a promoção da liberdade de imprensa, particularmente em face de elevado risco pessoal".
Rafael Marques, também ativista dos direitos humanos, “tem enfrentado décadas de assédio e processos judiciais por revelar a corrupção e os abusos de direitos humanos em Angola”, indica o IPI.
No seu comunicado, o Instituto lembra que Rafael Marques iniciou a sua carreira como repórter no diário estatal Jornal de Angola, "antes de ser demitido devido à sua determinação em desviar-se da linha traçada pelo então Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, que governou a antiga colónia portuguesa com mão de ferro entre 1979 e 2017”.
Nos últimos quatro anos, a distinção tem sido atribuída pelo IPI, em parceria com o International Media Support (IMS) de Copenhaga (Dinamarca).
A diretora executiva do IPI, Barbara Trionfi, saudou Rafael Marques pela sua dedicação à procura da verdade "num ambiente implacável para a liberdade de imprensa".
“Apesar da repressão sistemática dos meios [de comunicação social] independentes em Angola, Rafael Marques tem conseguido -- correndo grande risco pessoal -- fazer incidir uma luz no abuso de poder ao nível mais elevado com coragem e persistência”, justificou Trionfi.
Através dos seus artigos, livros e pesquisa, prosseguiu, Rafael Marques "tem levado a cabo o tipo de jornalismo de vigilância que os meios controlados pelo Estado do país não conseguem concretizar, proporcionando um serviço essencial ao público angolano e à comunidade internacional”.
Anteriormente, Rafael Marques recebeu o Prémio Allard para Integridade Internacional e o Prémio de Coragem Civil da Fundação Train, entre outros prémios.
Em 2008, depois de anos a escrever para meios independentes em Angola e de ter sido o autor de numerosos relatórios sobre violações de direitos humanos no país, o jornalista fundou o site Maka Angola, que elabora trabalhos de investigação sobre corrupção, envolvendo altas figuras da política angolana, incluindo altas patentes militares e homens de nogócio.
“Grande parte do trabalho de Marques tem-se concentrado na gestão cleptocrática dos recursos naturais em Angola, cujas vastas reservas de petróleo e minerais enriqueceram uma pequena elite governante enquanto milhões permanecem na pobreza”, refere o IPI.
A instituição lembra também que a obra de Rafael Marques mais conhecida internacionalmente, o livro “Diamantes de Sangue: Corrupção e Tortura em Angola”, de 2011, detalhou alegações de homicídio, agressão, detenção arbitrária e deslocamento forçado de civis com relação à lucrativa indústria de mineração de diamantes do país.
Depois de um grupo de generais angolanos mencionados no livro ter apresentado queixa, Rafael Marques foi condenado a uma pena suspensa de seis meses de prisão por difamação.
Atualmente, ele enfrenta um novo julgamento em que é acusado pelo antigo procurador-geral da República, general João Maria de Sousa, de injúria, difamação e insultos à autoridade.
A queixa do general seguiu-se a uma denúncia publicada no portal Maka Angola, em novembro de 2016, contra um negócio alegadamente ilícito realizado pelo então procurador-geral da República, envolvendo a aquisição de um terreno de três hectares, no Porto Amboim, na província centro-costeira angolana do Cuanza-Sul, para construir um condomínio residencial.
Na anterior edição de 2017, o IPI atribuiu o galardão ao jornalista e blogueiro etíope Eskinder Nega, que passou quase seis anos na prisão sob acusações de "terrorismo", tendo sido libertado em fevereiro deste ano.
O IPI é uma organização mundial de promoção do direito à informação e da liberdade de imprensa, fundada em outubro de 1950, atualmente com membros em cerca de 120 países.
Goza de estatuto consultivo junto das Nações Unidas, da UNESCO e do Conselho da Europa, e é membro da International Freedom of Expression Exchange (Bolsa Internacional da Liberdade de Expressão), uma rede mundial de organizações não governamentais que monitorizam as violações à liberdade de imprensa e à liberdade de expressão no mundo.
-0- PANA IZ 23maio2018
Com esta distinção, Rafael Marques torna-se, depois do Português Nuno Rocha e do Brasileiro Júlio de Mesquita Neto, no terceiro jornalista lusófono a receber o galardão criado há 70 anos.
A entrega do prémio este ano terá lugar a 22 de junho na capital nigeriana, Abuja, durante o Congresso Mundial e a Assembleia Geral anual do IPI.
O prémio é atribuído a jornalistas que "contribuem de forma relevante" para a promoção da liberdade de imprensa.
Num comunicado, o IPI realça que o prémio Herói Mundial da Liberdade de Imprensa homenageia jornalistas "que deram uma contribuição significativa para a promoção da liberdade de imprensa, particularmente em face de elevado risco pessoal".
Rafael Marques, também ativista dos direitos humanos, “tem enfrentado décadas de assédio e processos judiciais por revelar a corrupção e os abusos de direitos humanos em Angola”, indica o IPI.
No seu comunicado, o Instituto lembra que Rafael Marques iniciou a sua carreira como repórter no diário estatal Jornal de Angola, "antes de ser demitido devido à sua determinação em desviar-se da linha traçada pelo então Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, que governou a antiga colónia portuguesa com mão de ferro entre 1979 e 2017”.
Nos últimos quatro anos, a distinção tem sido atribuída pelo IPI, em parceria com o International Media Support (IMS) de Copenhaga (Dinamarca).
A diretora executiva do IPI, Barbara Trionfi, saudou Rafael Marques pela sua dedicação à procura da verdade "num ambiente implacável para a liberdade de imprensa".
“Apesar da repressão sistemática dos meios [de comunicação social] independentes em Angola, Rafael Marques tem conseguido -- correndo grande risco pessoal -- fazer incidir uma luz no abuso de poder ao nível mais elevado com coragem e persistência”, justificou Trionfi.
Através dos seus artigos, livros e pesquisa, prosseguiu, Rafael Marques "tem levado a cabo o tipo de jornalismo de vigilância que os meios controlados pelo Estado do país não conseguem concretizar, proporcionando um serviço essencial ao público angolano e à comunidade internacional”.
Anteriormente, Rafael Marques recebeu o Prémio Allard para Integridade Internacional e o Prémio de Coragem Civil da Fundação Train, entre outros prémios.
Em 2008, depois de anos a escrever para meios independentes em Angola e de ter sido o autor de numerosos relatórios sobre violações de direitos humanos no país, o jornalista fundou o site Maka Angola, que elabora trabalhos de investigação sobre corrupção, envolvendo altas figuras da política angolana, incluindo altas patentes militares e homens de nogócio.
“Grande parte do trabalho de Marques tem-se concentrado na gestão cleptocrática dos recursos naturais em Angola, cujas vastas reservas de petróleo e minerais enriqueceram uma pequena elite governante enquanto milhões permanecem na pobreza”, refere o IPI.
A instituição lembra também que a obra de Rafael Marques mais conhecida internacionalmente, o livro “Diamantes de Sangue: Corrupção e Tortura em Angola”, de 2011, detalhou alegações de homicídio, agressão, detenção arbitrária e deslocamento forçado de civis com relação à lucrativa indústria de mineração de diamantes do país.
Depois de um grupo de generais angolanos mencionados no livro ter apresentado queixa, Rafael Marques foi condenado a uma pena suspensa de seis meses de prisão por difamação.
Atualmente, ele enfrenta um novo julgamento em que é acusado pelo antigo procurador-geral da República, general João Maria de Sousa, de injúria, difamação e insultos à autoridade.
A queixa do general seguiu-se a uma denúncia publicada no portal Maka Angola, em novembro de 2016, contra um negócio alegadamente ilícito realizado pelo então procurador-geral da República, envolvendo a aquisição de um terreno de três hectares, no Porto Amboim, na província centro-costeira angolana do Cuanza-Sul, para construir um condomínio residencial.
Na anterior edição de 2017, o IPI atribuiu o galardão ao jornalista e blogueiro etíope Eskinder Nega, que passou quase seis anos na prisão sob acusações de "terrorismo", tendo sido libertado em fevereiro deste ano.
O IPI é uma organização mundial de promoção do direito à informação e da liberdade de imprensa, fundada em outubro de 1950, atualmente com membros em cerca de 120 países.
Goza de estatuto consultivo junto das Nações Unidas, da UNESCO e do Conselho da Europa, e é membro da International Freedom of Expression Exchange (Bolsa Internacional da Liberdade de Expressão), uma rede mundial de organizações não governamentais que monitorizam as violações à liberdade de imprensa e à liberdade de expressão no mundo.
-0- PANA IZ 23maio2018