Ataques terroristas fazem milhão de deslocados no Sahel
Ouagadougou, Burkina Faso (PANA) – Os ataques violentos perpetrados "quase diariamente" por extremistas em países do Sahel como o Mali, o Níger e o Burkina Faso deslocaraam quase um milhão de pessoas e causaram níveis de desnutrição alarmantes, segundo as agências humanitárias das Nações Unidas.
Advertindo de uma crise humanitária iminente, o Programa Alimentar Mundial (PAM) declarou terça-feira que, se nada for feito para combater a fome na região, "toda uma geração estará em perigo".
Um comunicado da ONU nota que o Burkina Faso representa o país mais afetado, com um terço do país a viver na insegurança.
Na segunda-feira última, no leste do Mali, mais de 20 soldados morreram num ataque perpetrado contra a sua patrulha por terroristas, o último de uma série de assaltos mortíferos imputados aos extremistas que exploram as tensões étnicas e a falta de infraestruturas.
Segundo as cifras do Governo, quase 500 mil pessoas foram deslocadas no Burkina Faso em menos de um ano, mas esta cifra deverá atingir 650 mil indivíduos antes do fim do ano de 2019.
"Uma crise humanitária dramática está a ocorrer no Burkina Faso. Ela perturba a vida de vários milhões de pessoas. Quase 500 mil pessoas foram obrigadas a deixar as suas casas e um terço do país é abalado pela insegurança.
"As nossas equipas vêem no terreno níveis de desnutrição ultrapassar largamente os limites de emergência, o que significa que as crianças e as novas mães estão numa situação extremamente crítica. Se a comunidade internacional quiser verdadeiramente salvar vidas, é agora que é preciso agir”, declarou o diretor executivo do PAM, David Beasley.
Segundo David Bulman, com a livre circulação dos extremistas nas fronteiras, trata-se agora de uma crise que abala três países do Sahel, levando os civis a fugir.
"As populações utilizam a estrada para fugir a insegurança e, quando são deslocadas, isso significa que elas deixam literalmente tudo atrás, e a maioria delas são agricultores e pastores”, acrescentou.
O PAM forneceu uma assistência alimentar e nutricional a dois milhões 600 mil pessoas naqueles três países do Sahel, mas adverte que, em algumas zonas, a desnutrição severa está a explodir e afeta vários “milhares” de crianças, segundo ainda Bulman.
Entre as populações deslocadas no Burkina Faso, o nível de desnutrição aguda severa está em 7,8 por cento, e ultrapassa a linha de emergência que é de dois porcento, explicou.
Para a desnutrição aguda, o nível mais elevado registado pelo PAM é de 19,7 por cento, enquanto o limite de emergência é de 15 porcento.
-0- PANA MA/NFB/JSG/SOC/FK/IZ 21nov2019