Agência Panafricana de Notícias

Aristides Gomes candidata-se às presidenciais na Guiné-Bissau

Bissau- Guiné-Bissau (PANA) -- O presidente do Partido Republicano da Independência para o Desenvolvimento (PRID, oposição), Aristides Gomes, anunciou quarta-feira a sua intenção de disputar as eleições presidenciais antecipadas de 28 de Junho próximo na Guiné-Bissau.
Estas eleições foram marcadas para escolher o sucessor do Presidente João Bernardo "Nino" Vieira, assassinado a 2 de Março passado na sua residência, em Bissau, por militares ainda não identificados.
Aristides Gomes, antigo primeiro-ministro (2005-2007) no último consulado de Nino Vieira, disse em entrevista à PANA que seria candidato pelo seu próprio partido, actual segunda maior formação da oposição com três deputados eleitos em Novembro passado.
Porém, disse, a sua formação política entende que as próximas eleições só farão sentido se tiverem lugar depois da clarificação de todas as "questões de fundo" em torno das mortes de Nino Vieira e do chefe das Forças Armadas, tenente-general Batista Tagmé Na Waié.
"O PRID vai apresentar uma candidatura na minha pessoa.
Mas nós pensamos (…) que a única maneira de termos eleições que possam ser úteis para a Guiné-Bissau é resolvermos primeiro todas as questões ligadas ao ambiente político actual na Guiné-Bissau", disse.
Segundo ele, se até lá o país não souber o que realmente aconteceu, nomeadamente as razões e os autores da morte destes dois dirigentes do país, da emergência e da natureza da nova configuração da hierarquia militar "os resultados não servirão para nada".
"Nós precisamos de compreender aquilo que aconteceu na Guiné-Bissau.
Se foi um golpe de Estado específico às condições político-militares da Guiné-Bissau ou um simples incidente", insistiu.
Para Aristides Gomes, sociólogo de 55 anos de idade, se o país partir para o escrutínio sem todos esses esclarecimentos, "estaremos a entrar novamente num processo de eleições em que haveria de novo um Presidente que iria novamente ser vítima de um golpe de Estado".
Por isso, prosseguiu, não vale a pena "elegermos um novo cordeiro que seria levado imediatamente para o altar da imolação".
"Já fizemos tantas eleições, mas nunca tivemos um Presidente que, mesmo eleito democraticamente, tenha chegado ao fim do seu mandato.
Mesmo com eleições democráticas, acabamos sempre com um golpe de Estado ou assassinato do próprio Presidente", realçou.
Lembrou, a este propósito, as experiências do passado recente como os golpes de Estado contra o mesmo Nino Vieira em 1998, Koumba Yalá em 2003 "e agora novamente Nino (Vieira) deste vez vítima de assassinato".
Aristides Gomes foi primeiro vice-presidente da actual formação política no poder, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), do actual primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior até 2008, quando fundou o PRID por divergências internas.
O primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior também já manifestou a sua intenção de se candidatar pelo seu partido, numa disputa eleitoral em que poderá também participar, entre outros, o antigo Presidente Koumba Yalá, pelo Partido da Renovação Social (PRS), principal força política da oposição.