Apenas 1% de Cabo-verdianos lê jornais impressos, diz inquérito
Praia, Cabo Verde (PANA) – Apenas um por cento da população cabo-verdiana lê jornais impressos, enquanto 59 por cento não sabe o nome de qualquer dos quatro que são vendidos, no país, e quatro por cento leu um jornal nos últimos três meses, revela um inquérito do Instituto Nacional de Estatística (INE).
Segundo os resultados do estudo do INE, dentro do total de pessoas que disse ter lido um jornal naquele período de tempo, a maioria disse que lê jornais semanalmente.
O estudo realizado junto de seis mil e 143 pessoas dá conta ainda de que 40 por cento dos inquiridos admitiu que compra jornais, ao passo que, ao escalão etário, a maioria dos leitores tem 25 e 44 anos, é do sexo masculino e vive em meio urbano.
Quanto às habilitações literárias o inquérito do INE revela que quem lê jornais tem o ensino secundário ou alguma graduação pós-secundária.
Os temas de sociedade e política são os preferidos dos Cabo-verdianos que também usam os jornais impressos para obter informações sobre economia e finanças, desporto ou, então, para consultar anúncios.
O estudo concluiu também que o nível de desconhecimento dos nomes dos jornais mantêm-se nas suas edições online, uma vez que 58 porcento das pessoas ouvidas pelo INE não souberam apontar qual o nome de nenhum deles.
Quanto à preferência temática, à semelhança das edições impressas, sociedade e política são os temas preferidos.
Em declaração aos jornalistas segunda-feira, na cidade da Praia, à margem da apresentação do estudo sobre o Acesso e Consumo da Comunicação Social em Cabo Verde, o ministro cabo-verdiano da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente, disse que “os jornais não têm tido uma política de levar o seu produto às pessoas”.
O governante afirmou ser “preocupante” o facto de 59 por cento dos inquiridos não conseguirem citar o nome de um jornal impresso nacional, uma vez que, segundo ele, isso significa que o nível de literacia ligado à informação é “bastante baixo” no que se refere aos órgãos de comunicação social impressos.
“Há locais em Cabo Verde onde simplesmente os jornais não chegam. Aqui põe-se outra vez a velha questão da rede de distribuição dos jornais que não existem”, reconheceu, salientando que a previsibilidade de saída dos jornais em Cabo Verde é variável.
Para Abraão Vicente, que também tutela a Comunicação Social, é preciso repensar a situação dos jornais impressos no país.
“Dizem que estão ameaçados pelos onlines, mas aqui há claramente um outro problema adicional em Cabo Verde, que tem a ver com a insularidade das nossas ilhas e, muita das vezes, os jornais não conseguem chegar a tempo útil para serem atrativos”, queixou-se.
Nesta óptica, Abraão Vicente diz que se impõe outros desafios à imprensa, no sentido de se ter “matéria mais aprofundada” e um jornalismo de investigação, para evitar a divulgação de notícias que já foram consumidas.
“Eu não acredito na morte do jornal impresso. É uma questão de redefinir as políticas e as prioridades”, salientou.
O inquérito sobre o acesso e consumo da comunicação social apresentado indica que a televisão continua a ser o meio de comunicação social mais usado pelos Cabo-verdianos, com a taxa de utilização de 82 porcento.
Os dados do estudo, que tem como objetivo conhecer o nível de acesso aos meios de comunicação social, assim como compreender a notoriedade e o nível e confiança dessas entidades, indica que, na segunda posição, estão as redes sociais com 42 por cento e de seguida a rádio com 33 por cento.
O inquérito aponta ainda que 74 por cento da população se encontra nas redes sociais, e que, em média, passam mais de duas horas por dia nesses meios.
-0- PANA CS/IZ 13ago2019