Antigos PM impedidos de manifestar-se na Guiné-Conakry
Conakry, Guiné-Conakry (PANA) – Os antigos primeiros-ministros guineenses Mamadou Cellou Dalein Diallo e Sidya Touré, todos membros da Frente Nacional para a Defesa da Constituição (FNDC), foram impedidos, segunda-feira, de participar em manifestações de rua propostas pelo movimento de contestação em curso, no país.
Líder da oposição e presidente da União das Forças Democráticas da Guiné-Conakry (UFDG), Cellou Dalein Diallo e o responsável da União das Forças Republicanas (UFR) galvanizaram, no fim de semana passado, durante reuniões semanais dos seus respetivos partidos, os seus militantes para sair em massa para dar um grande alcance às manifestações de rua.
Segundo várias testemunhas, os dois homens foram confinados aos seus domicílios privados por elementos das forças da ordem que invadiram as casas, cercando todas as saídas que conduzem às suas residências.
Eles apelaram para a mobilização geral, no fim de semana passado, alguns instantes após a detenção dos responsáveis da FNC, transferidos para o Tribunal de Dixinn, nos arredores de Conakry, segundo várias fontes após um declaração domingo à noite do procurador Sidy Souleymane N’diaye.
Na semana passada, a FNDC pediu às populações que saíssem às ruas para manifestar a sua desaprovação contra o Presidente Alpha Condé, que ele suspeita de querer mudar a Constituição para disputar um outro mandato, além do seu segundo e último de cinco anos que termina, em 2020.
A calma prevaleceu em várias zonas da capital, onde a circulação era muito fluída e as populações, segundo observadores, preferiram ficar em casa para não cair em armadilhas de “violência cega” como foi o caso durante eventos similares.
O pedido da FNDC ficou sem aderência em quase toda parte, pois barracas eram visíveis em alguns mercados, nomeadamente em Lambagni, um bairro dos altos arredores de Conakry, onde as vendedoras de condimentos e outros ingredientes estavam no terreno.
Porém, várias estações, armazéns de venda de produtos de primeira necessidade, lojas, entre outros, foram encerrados.
Os arremessos de pedras contra as forças da Polícia e da Gendarmaria ocorreram em vários bairros dos altos arredores, onde os elementos de manutenção da ordem utilizaram granadas lacrimogéneas.
O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general Namory Traoré, ordenou sexta-feira última, num comunicado largamente difundido, aos militares para continuarem confinados às casernas e não se intrometer nos movimentos da multidão.
Contrariamente a Conakry, onde as populações ficaram em casa, os que cuidaram dos seus afazeres diários tiveram de andar pé para voltar às suas casas, por falta de meios de transporte.
No entanto, os das localidades de Kankan (Alta Guiné), de Siguiri, bastião da Congregação do Povo da Guiné (RPG, no poder), a 700 e 800 quilómetros, de N’Zérékoré, a um milhar de quilómetros, deslocaram-se aos seus locais de trabalho, segundo várias testemunhas.
Na semana passada, após o anúncio das manifestações de rua, o Governo ordenou às forças da Polícia e da Gendarmaria para tomar todas as medidas necessárias para garantir a segurança das pessoas e dos seus bens.
-0- PANA AC/IS/SOC/FK/IZ 15out2019