PANAPRESS
Agência Panafricana de Notícias
Antigo Presidente santomense explica motivos da sua prisão em 1979
São Tomé, São Tomé e Príncipe (PANA) - O ex-Presidente santomense, Miguel Trovoada, esclareceu segunda-feira que foi preso "injustamente" durante 21 meses no regime de partido único a mando do atual chefe de Estado, Manuel Pinto da Costa, por "invenção" de uma suposta tentativa de eliminação deste último através de uma mala armadilhada.
Trovoada explicou que, pelo contrário, o objetivo de Pinto da Costa durante o regime de partido único era eliminar as personalidades que, no seu ponto de vista, poderiam constituir obstáculos em termos de opiniões e ideias e potenciais candidatos à sua substituição.
“Havia receio de o poder ser perturbado, então começa a tarefa de eliminação sistemática de todos aqueles que pudessem fazer alguma sombra, particularmente aqueles mais antigos. Foram várias prisões, incluindo o engenheiro José Frete Lau Chongue e outros”, disse numa conferência de imprensa convocada expressamente para abordar este assunto.
Falndo diante de um batalhão de jornalistas e dezenas de militantes do partido da sua inspiração, Ação Democrática Independente (ADI, oposição), familiares, admiradores e membros da sociedade civil, Miguel Trovoada insistiu que foi preso por causa de "uma história inventada por Pinto da Costa" e não pelo seu papel no censo organizado na altura no país.
“A minha prisão foi uma manobra que vinha sendo arquitetada com o objetivo da consolidação do poder pessoal e absoluto do Presidente da República e chefe do partido único naquela altura”, afirmou Trovoada, que governou São Tomé e Príncipe de 1991 a 2008 como sucessor de Manuel Pinto da Costa (1975-1991).
O ex-estadista santomense afirmou que só ficou a saber da maquinação do então Presidente da República através de uma carta escrita pelo seu colega de prisão à Amnistia Internacional, com a qual tomou contacto em Londres, onde esteve a convite desta instância de defesa dos direitos humanos.
“Não foi nada do censo! Foi invenção de uma mala que eu teria dado a um colaborador seu para colocar no seu gabinete e fazê-la explodir para matar o Presidente da República. Vocês podem imaginar que declaração monstruosa! E foi esta declaração que provocou em mim um choque, eu tinha que falar (...)", desabafou Trovoada.
Ele indicou que o seu braço de ferro com Manuel Pinto da Costa justificava-se pela "imaturidade" deste último ao ascender ao cargo de Presidente da República logo após o seu regresso da formação na antiga RDA (República Democrática Alemã).
“Ele terminou e regressou em 1972. Não teve tempo de entrar no mundo político africano. Quando menos de dois anos depois se dá o 25 de abril em 1974, em 1975 é Presidente da Republica. Foi muito rápido, ele não teve tempo para se adaptar”, sentenciou Trovoada.
Miguel Trovoada contou que muita gente foi parar à cadeia e que muita gente terá sofrido na pele durante o regime de partido único naquele período.
"Penso que se deve respeitar a memória daqueles que perderam a vida", exortou, notando que a sua prisão pôs termo à onda de prisões que eram desencadeadas no arquipélago a mando de Pinto da Costa no regime do partido único em São Tomé e Príncipe.
Garantiu não ter medo do Presidente Manuel Pinto da Costa que ele acusa de "ferir memórias do passado", e desafiou-o a organizar um debate com os presos políticos ainda vivos.
Miguel Trovoada lembrou ainda que ficou preso em condições desumanas sem direito a visitas familiares nem assistência médica e medicamentosa, apesar de ter pedido insistentemente a realização de um julgamento "sistematicamente recusado" por Manuel Pinto da Costa.
Segundo ele, esta atitude na altura tinha uma lógica intrínseca muito especial do modelo marxista leninista, inspirado pelos países considerados "nossos amigos naturais e aplicado aos nossos países, esta lógica que se chama de centralismo".
No seu entender, Pinto Costa governou o país com as doutrinas de dois países distintos, designadamente a antiga Alemanha do Leste (RDA) e Cuba, prometendo realizar planos de desenvolvimento nacional que eram irrealizáveis porque desajustados da realidade santomense.
Trovoada reagia a recentes declarações de Pinto da Costa que ele considerou de "falsas e grosseiras" relativamente a alguns factos que marcaram a história do país, nomeadamente sobre o seu passado político durante o regime de partido único.
Manuel Pinto da Costa é acusado de ter faltado à verdade sobre a história do país durante as reuniões preparatórias ao diálogo nacional, quando ele afirmou que a prisão de Miguel Trovoada ao tempo de partido único se deveu ao papel que desempenhou na campanha sobre o primeiro censo populacional organizado país.
Pinto da Costa disse que na altura ele estava ausente do país e que Miguel Trovoada teria tido direito à defesa antes de pedir asilo político à Embaixada de Portugal que lho teria recusado, para finalmente se refugiar nos Escritórios das Nações Unidas onde foi preso.
-0- PANA RMG/IZ 18março2014
Trovoada explicou que, pelo contrário, o objetivo de Pinto da Costa durante o regime de partido único era eliminar as personalidades que, no seu ponto de vista, poderiam constituir obstáculos em termos de opiniões e ideias e potenciais candidatos à sua substituição.
“Havia receio de o poder ser perturbado, então começa a tarefa de eliminação sistemática de todos aqueles que pudessem fazer alguma sombra, particularmente aqueles mais antigos. Foram várias prisões, incluindo o engenheiro José Frete Lau Chongue e outros”, disse numa conferência de imprensa convocada expressamente para abordar este assunto.
Falndo diante de um batalhão de jornalistas e dezenas de militantes do partido da sua inspiração, Ação Democrática Independente (ADI, oposição), familiares, admiradores e membros da sociedade civil, Miguel Trovoada insistiu que foi preso por causa de "uma história inventada por Pinto da Costa" e não pelo seu papel no censo organizado na altura no país.
“A minha prisão foi uma manobra que vinha sendo arquitetada com o objetivo da consolidação do poder pessoal e absoluto do Presidente da República e chefe do partido único naquela altura”, afirmou Trovoada, que governou São Tomé e Príncipe de 1991 a 2008 como sucessor de Manuel Pinto da Costa (1975-1991).
O ex-estadista santomense afirmou que só ficou a saber da maquinação do então Presidente da República através de uma carta escrita pelo seu colega de prisão à Amnistia Internacional, com a qual tomou contacto em Londres, onde esteve a convite desta instância de defesa dos direitos humanos.
“Não foi nada do censo! Foi invenção de uma mala que eu teria dado a um colaborador seu para colocar no seu gabinete e fazê-la explodir para matar o Presidente da República. Vocês podem imaginar que declaração monstruosa! E foi esta declaração que provocou em mim um choque, eu tinha que falar (...)", desabafou Trovoada.
Ele indicou que o seu braço de ferro com Manuel Pinto da Costa justificava-se pela "imaturidade" deste último ao ascender ao cargo de Presidente da República logo após o seu regresso da formação na antiga RDA (República Democrática Alemã).
“Ele terminou e regressou em 1972. Não teve tempo de entrar no mundo político africano. Quando menos de dois anos depois se dá o 25 de abril em 1974, em 1975 é Presidente da Republica. Foi muito rápido, ele não teve tempo para se adaptar”, sentenciou Trovoada.
Miguel Trovoada contou que muita gente foi parar à cadeia e que muita gente terá sofrido na pele durante o regime de partido único naquele período.
"Penso que se deve respeitar a memória daqueles que perderam a vida", exortou, notando que a sua prisão pôs termo à onda de prisões que eram desencadeadas no arquipélago a mando de Pinto da Costa no regime do partido único em São Tomé e Príncipe.
Garantiu não ter medo do Presidente Manuel Pinto da Costa que ele acusa de "ferir memórias do passado", e desafiou-o a organizar um debate com os presos políticos ainda vivos.
Miguel Trovoada lembrou ainda que ficou preso em condições desumanas sem direito a visitas familiares nem assistência médica e medicamentosa, apesar de ter pedido insistentemente a realização de um julgamento "sistematicamente recusado" por Manuel Pinto da Costa.
Segundo ele, esta atitude na altura tinha uma lógica intrínseca muito especial do modelo marxista leninista, inspirado pelos países considerados "nossos amigos naturais e aplicado aos nossos países, esta lógica que se chama de centralismo".
No seu entender, Pinto Costa governou o país com as doutrinas de dois países distintos, designadamente a antiga Alemanha do Leste (RDA) e Cuba, prometendo realizar planos de desenvolvimento nacional que eram irrealizáveis porque desajustados da realidade santomense.
Trovoada reagia a recentes declarações de Pinto da Costa que ele considerou de "falsas e grosseiras" relativamente a alguns factos que marcaram a história do país, nomeadamente sobre o seu passado político durante o regime de partido único.
Manuel Pinto da Costa é acusado de ter faltado à verdade sobre a história do país durante as reuniões preparatórias ao diálogo nacional, quando ele afirmou que a prisão de Miguel Trovoada ao tempo de partido único se deveu ao papel que desempenhou na campanha sobre o primeiro censo populacional organizado país.
Pinto da Costa disse que na altura ele estava ausente do país e que Miguel Trovoada teria tido direito à defesa antes de pedir asilo político à Embaixada de Portugal que lho teria recusado, para finalmente se refugiar nos Escritórios das Nações Unidas onde foi preso.
-0- PANA RMG/IZ 18março2014