Angola reforça laços com Porttugal
Luanda, Angola (PANA) - Angola e Portugal sempre estiveram juntos, nos bons e maus momentos, e vão continuar assim, garantiu terça-feira em Luanda o Presidente angolano, João Lourenço.
Falando à margem da visita oficial do primeiro-ministro português, Luís Montenegro, a Angola, João Lourenço afirmou que a relação entre os dois países se estabelece entre os Estados e que nunca entre partidos políticos.
Enfatizou que quem tem a responsabilidade de definir que partido político deve governar os países são os respetivos povos, enquanto eleitores.
"Nos bons e maus momentos estivemos sempre juntos, apoiamo-nos mutuamente, nos bons momentos de Angola, nos maus momentos de Angola, nos bons momentos de Portugal, mas também nos maus momentos de Portugal. É assim que a nossa relação vai continuar”, afirmou o Presidente da República.
O chefe do Estado referiu, ainda, que, com Portugal, o país desenvolveu uma relação de cooperação que abrange praticamente todos os domínios de ambas as economias.
Sublinhou que houve um período em que os países privilegiavam, sobretudo, o investimento público, tendo, no caso de Angola, sido coberto pela linha de crédito de Portugal, que permitia às empresas portuguesas realizarem empreitadas em território angolano.
"Estamos numa economia de mercado e o maior espaço deve ser dado ao setor privado. Gostaríamos de ver implementado o interesse dos nossos investidores privados em investir em cada um dos nossos países”, acrescentou o estadista, para quem, na relação entre os países, existe, ainda, um espectro muito grande de oportunidades de negócios por explorar.
O esforço comum de Angola e Portugal para procurarem novas áreas de cooperação, prosseguiu João Lourenço, pode ser uma ação constante para que se possa tirar o maior proveito possível das potencialidades existentes nos dois países.
Disse, ainda, que a presença, em Angola, de Luís Montenegro, cerca de três meses depois do encontro em Lisboa (Portugal), é prova de um "inequívoco sinal do dinamismo, vigor e grande interesse mútuo que está na base da intensa cooperação” que se desenvolve entre ambos os países e "que se processa de forma transversal, abrangendo praticamente todos os setores da vida nacional” de Angola e Portugal.
João Lourenço recordou o facto de os países terem assinado, no ano passado, em Luanda, um Programa Estratégico de Cooperação (PEC) 2023-2027, que abarca áreas sensíveis, como a educação, a saúde, a justiça, a segurança e a agricultura.
Congratulou-se com o facto de o mesmo estar a funcionar corretamente, augurando, relativamente aos outros setores, que também dele fazem parte, se promovessem iniciativas capazes de ativar a implementação com a mesma eficiência que se verifica nos demais.
“Os nossos países têm realizado um vasto leque de acções de cooperação em muitos domínios, mas penso que ainda há espaço noutros, sobretudo ao nível da juventude, em que a República de Angola estabeleceu prioridades que pretende atender e resolver com o apoio de Portugal,”, indicou, realçando, neste capítulo, a formação técnico-profissional em ramos fundamentais para o funcionamento da economia angolana.
A cooperação com Portugal, reiterou o chefe do Estado, tem o claro objetivo de favorecer a melhoria das condições de vida de ambos os povos, defendendo, neste capítulo, a importância de se reconhecer que o balanço do esforço comum é positivo.
Ele disse isto "mesmo que subsista a percepção de que é possível fazer muito mais e às vezes mais depressa, para concluirmos projetos e obras em prazos que atendam as preocupações sobre o desenvolvimento dos destinatários da nossa ação”, que são sempre as pessoas e as economias dos países.
As relações entre o povo angolano e o português, continuou o Presidente da República, envolvem também o lado afetivo e fraterno, "com os quais temos de procurar lidar sempre com muita sensibilidade”, apelando à construção, no plano bilateral, de canais mais abertos e fluidos, que facilitem e promovam cada vez mais o intercâmbio entre os povos e nações.
Ao abordar questões internacionais, João Lourenço defendeu uma visão realista e pragmática sobre os caminhos a seguir, para que se consiga pôr cobro aos conflitos no leste da República Democrática do Congo, no Sudão e em outras regiões do continente africano.
Mencionou também a guerra na Ucrânia e o conflito no Médio Oriente, cujas violência e intensidade "vêm recrudescendo a uma escala regional, pressagiando uma deflagração de grandes proporções, cujas consequências todos tememos”.
Por sua vez, o primeiro-ministro português esclareceu que a política de imigração em Portugal sofreu alterações, decorrentes de decisões do Governo do país.
“Mas, é consabido e aqui reafirmo e reitero, no que concerne aos chamados vistos CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), não houve nenhuma alteração restritiva, relativamente a essa matéria”, assegurou.
O que há, prosseguiu, é uma intervenção com interesses prioritários.
Declarou que, em primeiro lugar, se deve agilizar procedimentos e reforçar os recursos humanos dos postos consulares, aumentar a capacidade de resposta e rapidez, proporcionar por isso um serviço melhor e, também mais transparente, e combater um fenómeno que tem sido altamente prejudicial a muitas pessoas, que é o açambarcamento de vagas junto dos postos consulares”, disse.
Luís Montenegro recordou que Angola foi o segundo país que mais vistos da CPLP requereu e que, de todos aqueles que foram requeridos, a taxa de aprovação é de 89 por cento.
"Daremos a resposta mais rapidamente possível e com uma filosofia de cada vez adequar instrumentos que regulam os nossos fluxos migratórios, com a dignificação das pessoas, com a dignidade com que elas são tratadas, quer para a obtenção dos vistos quer para as atividades que procuram”, destacou.
-0- PANA JA/DD 24julho2024