Agência Panafricana de Notícias

Angola protesta contra França por ataque à selecção do Togo em Cabinda

Luanda- Angola (PANA) -- Angola protestou quinta-feira a falta de condenação "com veemência" e de responsabilização criminal por parte de França dos autores do recente ataque terrorista contra a delegação togolesa ao CAN 2010 em Cabinda (norte de Angola).
Segundo o ministro angolano das Relações Exteriores, Assunção dos Anjos, que falava em conferência de imprensa, o protesto foi apresentado sobretudo pelo facto de a pessoa que assumiu a autoria moral do acto estar a circular livremente em França.
Assunção dos Anjos disse que as autoridades angolanas "não sentiram que efectivamente França tivesse despoletado os mecanismos judiciais desejáveis".
"Uma vez que França é um país que mantém relações de cooperação e de amizade com Angola, esperava-se da parte deste outro tipo de actuação relativamente a um acto tão gravoso e atentatório aos ideais mais nobres da humanidade", sublinhou.
Anunciou que, através da Procuradoria Geral da República (PGR), o Governo angolano instaurou um processo crime contra os autores materiais e morais do acto terrorista praticado em Cabinda a 8 de Janeiro corrente.
Este procedimento, explicou, permitirá intentar acções junto dos órgãos judiciais em França e na Suíça, uma vez que este acto foi reivindicado por um cidadão a partir do território francês em nome de uma organização também representada na confederação helvética.
A delegação da selecção togolesa foi atacada por um grupo armado quando seguia de Ponta Negra, na vizinha República do Congo, com destino à cidade petrolífera angolana de Cabinda, onde disputaria o CAN Orange Angola 2010, no Grupo B, com as similares do Gana, da Côte d'Ivoire e do Burkina Faso.
O incidente ocorreu no troço rodoviário Bicongolo/Chicucu, próximo da fronteira com a República do Congo, resultando na morte de três pessoas e no ferimento de seis outras.
O ataque foi reivindicado, a partir de França, pelo movimento separatista FLEC (Frente para Libertação do Enclave de Cabinda), que reclama pela independência desta província angolana há décadas.
Entre as suas vítimas mortais esteve o treinador adjunto da selecção do Togo, Hamelet Abalo, e o assessor de imprensa da delegação togolesa ao 27º Campeonato Africano das Nações (CAN 2010), Stanislas Ocloo.
Por seu turno, o guarda-redes da mesma selecção, Kodjovi Kadja Obilalé, jogador do GSI Pontivy de França, que contraíra ferimentos durante o ataque, teve de ser evacuado para a África do Sul por uma lesão neurológica na região Lombar, segundo as autoridades angolanas.
Em virtude desta tragédia, a selecção togolesa acabou por se retirar do CAN 2010, reduzindo assim o Grupo B em Cabinda a três equipas, designadamente a Côte d'Ivoire, o Gana e o Burkina Faso.