PANAPRESS
Agência Panafricana de Notícias
Angola pede repatriamento de general enterrado na África do Sul
Joanesburgo, África do Sul (PANA) – O Presidente de Angola, João Manuel Gonçalves Lourenço, solicitou ao seu homólogo sul-africano, Matamela Cyril Ramaphosa, a exumação do corpo do general angolano Arlindo Chenda Isaac Pena, ex-vice-chefe do Estado-Maior General (EMG) das Forças Armadas Angolanas (FAA), enterrado na África do Sul.
Segundo a imprensa local, Cyril Ramaphosa indicou um conselheiro seu para receber, no país, uma delegação da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), liderada pelo brigadeiro na reforma Kamy Pena, que já visitou o cemitério de Zandfontein, na cidade de Pretória, para constatar as condições da tumba do malogrado general angolano.
Ficou acordado que a exumação se faça nos próximos dias para o corpo seguir para a capital angolana, Luanda, nos meados do mês em curso, depois de se lhe render uma homenagem militar no aeroporto militar de Watkloof, em Pretória, conforme as normas protocolares do Estado sul-africano quando esteja envolvido corpo de uma alta patente militar.
O general Arlindo Pena, último chefe do Estado-Maior do antigo braço armado da UNITA, antigo movimento rebelde transformado em principal partido da oposição angolana, morreu aos 19 de outubro de 1998, em clima de divergências com o Governo angolano.
Na altura, as autoridades sul-africanas decidiram embalsamar o seu corpo e lacrá-lo numa urna própria para que a qualquer momento pudesse ser repatriado, como está para aontecer.
O Presidente João Lourenço solicitou o seu repatriamento em carta endereçada nesse sentido a Cyril Ramaphosa a pedido da direção da UNITA.
A imprensa angolana precisa, por sua vez, que o enterro de Arlindo Pena em Angola estava incialmente previsto para finais do presente ano, em Lupitanga, na província central angolana do Bié, no mesmo momento em que seriam também sepultados os restos mortais do seu tio, Jonas Malheiro Savimbi, antigo líder rebelde morto em combate em fevereiro de 2002.
Seriam igualmente inumados na mesma altura outros oficiais da UNITA mortos pelas forças governamentais em 1992, em Luanda, no desfecho dos primeiros confrontos pós-eleitorais.
Contudo, a UNITA propôs ao Governo novas datas, em fevereiro ou março de 2019, para fazer coincidir o sepultamento ou com a data do falecimento de Savimbi ou com a da fundação da organização, de acordo com a mesma fonte.
A transladação dos restos mortais dos oficiais da UNITA começou a ser reclamada pela UNITA de Isaías Samakuva, ainda no consulado do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, que entretanto se mostrava desfavorável por alegados receios de que o local do enterro fosse captar atração de cidadãos e turistas interessados pela história de Savimbi.
Arlindo Chenda Pena, que terá finalmente os seus restos mortais transladados para Angola, foi um guerrilheiro, também conhecido por “Ben Ben”, em homenagem ao líder revolucionário argelino, Ahmed Ben Bella. Teve formação militar na Europa e qualificou-se como instrutor de artilharia na Academia Real de Guerra Marroquina.
Em 1992, escapou a um atentado por parte das forças leais ao Presidente José Eduardo dos Santos, quando fugia de Luanda, numa viatura com o seu irmão Elias Salupeto Pena, que foi entretanto morto durante a fuga, nos arredores do município do Sambizanga.
No decurso de novas conversações entre o Governo e a UNITA, regressou a Luanda, anos depois, culminando com a sua integração nas FAA onde ocupou o cargo de de vice-chefe do EMG.
Fontes bem informadas indicam que ele era, na realidade, "um chefe decorativo (não lhe eram confiadas missões), acabando por ficar mais em casa, uma situação que muito o abalava. Era apenas chamado para ser apresentado quando fossem a Luanda delegações estrangeiras".
A 14 de outubro de 1998, foi evacuado para a África do Sul no seguimento de uma assistência no posto de saúde do Exército que lhe atribuía paludismo.
Paralelamente, setores da Inteligência da África do Sul teriam telefonado ao então secretário-geral da UNITA, Lukamba Paulo “Gato”, no Bailundo, a informar que Ben Ben iria morrer por ter sido "infetado com bactérias de laboratórios".
Cinco dias depois, o general Ben Ben não resistiu, acabando por falecer numa clínica, em Johanesburgo, por alegada “paralisia renal e problemas pancreáticos".
Na altura, a direção da UNITA, a partir do Bailundo, rejeitou a versão do Governo de Angola sobre a morte do general, alertando que dispunha de "informações segundo as quais os especialistas sul-africanos teriam detetado substância contaminante no seu sangue".
Em Luanda, o acompanhamento da evacuação de Ben Ben, para a África do Sul, esteve a cargo do general António José Maria, então chefe do Serviço de Inteligência Militar, gerando desconfianças na versão oficial de alegado paludismo como causa da sua morte.
Mas este ano, o Governo angolano comprometeu-se igualmente a entregar à UNITA os restos mortais de Jonas Savimbi, pondo fim ao braço-de-ferro sobre o assunto.
Este compromisso foi anunciado pelo próprio líder da UNITA, Isaídas Samakuva, em recentes declarações à imprensa no final de uma audiência com o Presidente João Lourenço, de quem disse ter recebido a garantia de que os restos mortais de Savimbi "serão exumados este ano".
Savimbi morreu em combate a 22 de fevereiro de 2002, na comuna de Lucusse, na província oriental angolana do Moxico, onde foi enterrado no dia seguinte, no cemitério municipal da cidade do Luena, sede provincial, e onde permanece até hoje à guarda do Estado angolano.
“O senhor Presidente (da República) comunicou-nos alguns passos novos que até constam de uma decisão tomada hoje e que consta de um despacho interno, e deu um prazo dentro do qual gostaria de ver este assunto resolvido”, declarou Samakuva.
Segundo ele, o chefe de Estado angolano prometeu "empenhar-se pessoalmente" no processo de exumação do corpo de Savimbi, cuja morte em combate ditou o fim da guerra civil angolana iniciada pouco após a Independência nacional, em 1975.
-0- PANA IZ 10set2018
Segundo a imprensa local, Cyril Ramaphosa indicou um conselheiro seu para receber, no país, uma delegação da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), liderada pelo brigadeiro na reforma Kamy Pena, que já visitou o cemitério de Zandfontein, na cidade de Pretória, para constatar as condições da tumba do malogrado general angolano.
Ficou acordado que a exumação se faça nos próximos dias para o corpo seguir para a capital angolana, Luanda, nos meados do mês em curso, depois de se lhe render uma homenagem militar no aeroporto militar de Watkloof, em Pretória, conforme as normas protocolares do Estado sul-africano quando esteja envolvido corpo de uma alta patente militar.
O general Arlindo Pena, último chefe do Estado-Maior do antigo braço armado da UNITA, antigo movimento rebelde transformado em principal partido da oposição angolana, morreu aos 19 de outubro de 1998, em clima de divergências com o Governo angolano.
Na altura, as autoridades sul-africanas decidiram embalsamar o seu corpo e lacrá-lo numa urna própria para que a qualquer momento pudesse ser repatriado, como está para aontecer.
O Presidente João Lourenço solicitou o seu repatriamento em carta endereçada nesse sentido a Cyril Ramaphosa a pedido da direção da UNITA.
A imprensa angolana precisa, por sua vez, que o enterro de Arlindo Pena em Angola estava incialmente previsto para finais do presente ano, em Lupitanga, na província central angolana do Bié, no mesmo momento em que seriam também sepultados os restos mortais do seu tio, Jonas Malheiro Savimbi, antigo líder rebelde morto em combate em fevereiro de 2002.
Seriam igualmente inumados na mesma altura outros oficiais da UNITA mortos pelas forças governamentais em 1992, em Luanda, no desfecho dos primeiros confrontos pós-eleitorais.
Contudo, a UNITA propôs ao Governo novas datas, em fevereiro ou março de 2019, para fazer coincidir o sepultamento ou com a data do falecimento de Savimbi ou com a da fundação da organização, de acordo com a mesma fonte.
A transladação dos restos mortais dos oficiais da UNITA começou a ser reclamada pela UNITA de Isaías Samakuva, ainda no consulado do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, que entretanto se mostrava desfavorável por alegados receios de que o local do enterro fosse captar atração de cidadãos e turistas interessados pela história de Savimbi.
Arlindo Chenda Pena, que terá finalmente os seus restos mortais transladados para Angola, foi um guerrilheiro, também conhecido por “Ben Ben”, em homenagem ao líder revolucionário argelino, Ahmed Ben Bella. Teve formação militar na Europa e qualificou-se como instrutor de artilharia na Academia Real de Guerra Marroquina.
Em 1992, escapou a um atentado por parte das forças leais ao Presidente José Eduardo dos Santos, quando fugia de Luanda, numa viatura com o seu irmão Elias Salupeto Pena, que foi entretanto morto durante a fuga, nos arredores do município do Sambizanga.
No decurso de novas conversações entre o Governo e a UNITA, regressou a Luanda, anos depois, culminando com a sua integração nas FAA onde ocupou o cargo de de vice-chefe do EMG.
Fontes bem informadas indicam que ele era, na realidade, "um chefe decorativo (não lhe eram confiadas missões), acabando por ficar mais em casa, uma situação que muito o abalava. Era apenas chamado para ser apresentado quando fossem a Luanda delegações estrangeiras".
A 14 de outubro de 1998, foi evacuado para a África do Sul no seguimento de uma assistência no posto de saúde do Exército que lhe atribuía paludismo.
Paralelamente, setores da Inteligência da África do Sul teriam telefonado ao então secretário-geral da UNITA, Lukamba Paulo “Gato”, no Bailundo, a informar que Ben Ben iria morrer por ter sido "infetado com bactérias de laboratórios".
Cinco dias depois, o general Ben Ben não resistiu, acabando por falecer numa clínica, em Johanesburgo, por alegada “paralisia renal e problemas pancreáticos".
Na altura, a direção da UNITA, a partir do Bailundo, rejeitou a versão do Governo de Angola sobre a morte do general, alertando que dispunha de "informações segundo as quais os especialistas sul-africanos teriam detetado substância contaminante no seu sangue".
Em Luanda, o acompanhamento da evacuação de Ben Ben, para a África do Sul, esteve a cargo do general António José Maria, então chefe do Serviço de Inteligência Militar, gerando desconfianças na versão oficial de alegado paludismo como causa da sua morte.
Mas este ano, o Governo angolano comprometeu-se igualmente a entregar à UNITA os restos mortais de Jonas Savimbi, pondo fim ao braço-de-ferro sobre o assunto.
Este compromisso foi anunciado pelo próprio líder da UNITA, Isaídas Samakuva, em recentes declarações à imprensa no final de uma audiência com o Presidente João Lourenço, de quem disse ter recebido a garantia de que os restos mortais de Savimbi "serão exumados este ano".
Savimbi morreu em combate a 22 de fevereiro de 2002, na comuna de Lucusse, na província oriental angolana do Moxico, onde foi enterrado no dia seguinte, no cemitério municipal da cidade do Luena, sede provincial, e onde permanece até hoje à guarda do Estado angolano.
“O senhor Presidente (da República) comunicou-nos alguns passos novos que até constam de uma decisão tomada hoje e que consta de um despacho interno, e deu um prazo dentro do qual gostaria de ver este assunto resolvido”, declarou Samakuva.
Segundo ele, o chefe de Estado angolano prometeu "empenhar-se pessoalmente" no processo de exumação do corpo de Savimbi, cuja morte em combate ditou o fim da guerra civil angolana iniciada pouco após a Independência nacional, em 1975.
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