Agência Panafricana de Notícias

Angola exige pedido de desculpas da ONU por declarações sobre seita Luz do Mundo

Luanda, Angola (PANA) - O Governo angolano instou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) a apresentar provas ou a retratar-se "imediatamente", apresentando um pedido oficial de desculpas pelas suas declarações sobre os confrontos violentos de abril último entre forças da ordem e a seita religiosa "Sétimo Dia a Luz do Mundo".

Em comunicado citado pela agência angolana de notícias (Angop), o Governo angolano lamenta e repudia tais declarações difundidas a 12 de maio corrente, a partir de Genebra (Suíça), a propósito daquele incidente de que resultou a morte de nove polícias e vários fiéis da seita dirigida pelo pastor José Julino Kalupeteka.

O documento considera que as referidas declarações não são sustentadas por quaisquer provas e "foram amparadas por falsas declarações prestadas por elementos tendenciosos e absolutamente irresponsáveis, com a intenção de difamar não só as instituições angolanas, mas também todos os seus cidadãos".

"É lamentável que o Alto Comissariado tenha desrespeitado os procedimentos do sistema das Nações Unidas ao caraterizar de 'extremamente violentas' as declarações feitas na comunicação social, pública e privada, e pela sociedade civil angolana, em que incluímos as oito dezenas de confissões religiosas reconhecidas legalmente em Angola, desvalorizando os dados oficiais sobre os acontecimentos tornados públicos pelo Governo de Angola.

"Consideramos difícil acreditar que tenham sido mortas e enterradas mais de mil pessoas durante uma noite, sem deixar vestígios, por um efetivo de menos de 50 homens", sublinha a nota, lembrando os acontecimentos ocorridos no Monte do Sumé estão a ser investigados pelo Estado Angolano, através da Procuradoria Geral da República.

Atualmente, o líder da seita, uma dissidência da Igreja Adventista do Sétimo Dia, encontra-se detido e "aguarda julgamento, não sendo, portanto, plausível que o mesmo tenha saído incólume, se era o principal visado da ação policial, que pretendia detê-lo por crime de homicídio e reiteradas práticas de desobediência civil".

No comunicado, a seita em causa é acusada de ter conduzido os seus crentes a práticas anticonstitucionais e contra os princípios fundamentais dos Direitos Humanos, destacando-se "a privação das crianças à escola e saúde e o desencorajamento de participar no Censo da População e Habitação".

O incitamento dos fiéis a comercializarem e abandonarem as suas moradias "para viverem sem condições condignas nas montanhas e aguardarem pelo Fim do Mundo, previsto, de acordo com o seu líder, para o ano de 2015", figura igualmente entre as práticas imputadas à seita.

Por isso, a nota diz lamentar que o Alto Comissariado tenha "ignorado deliberadamente" as violações aos direitos da criança, em particular, e dos direitos humanos em geral, perpetrados pela referida seita e "tenha caracterizado como extremamente violentas as condenações feitas por toda a sociedade angolana, dentro e fora dos mais variados órgãos de comunicação social".

"Lamentamos que o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, um órgão de promoção e protecção dos direitos humanos no mundo, tenha, relativamente a este caso, pautado a sua conduta pelo fomento de especulações suscetíveis de ameaçar a paz e a segurança do Estado Angolano, tão arduamente almejados por todos os seus cidadãos", conclui o comunicado.

-0- PANA IZ 17maio2015