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Angola apresenta em Addis Abeba sua experiência na luta contra fome e pobreza

Luanda, Angola (PANA) - Angola apresentou domingo, numa reunião de alto nível da União Africana em Addis Abeba (Etiópia), a sua experiência no domínio do combate contra a fome e pela erradicação da pobreza cujos êxitos acabam de ser reconhecidos pelas Nações Unidas, apurou a PANA segunda-feira de fonte diplomática.

De acordo com a fonte, a experiência de Angola nesta matéria foi apresentada pelo ministro angolano da Agricultura, Afonso Pedro Canga, num discurso proferido diante de altos representantes africanos e de organismos internacionais reunidos numa sessão de trabalhos consagrada a uma abordagem unificada com vista a pôr fim à fome em África.

O encontro, que deve encerrar esta segunda-feira, é co-organizado pela Comissão da União Africana (UA), pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e pela agência da NEPAD (Nova Parceria para o Desenvolvimento de África), com o apoio do Instituto Lula, bem como do país acolhedor, Etiópia.

Na sua intervenção, o ministro Pedro Canga salientou que o Executivo angolano liderado pelo Presidente José Eduardo dos Santos incluiu entre as suas prioridades a elaboração de políticas viradas para a melhoria da qualidade de vida dos Angolanos.

Citou o exemplo dos campos desminados que "hoje são utilizados para a produção alimentar das populações", num esforço em que o Governo angolano investiu mais de 350 milhões de dólares americanos essencialmente para apoiar os camponeses.

Outro fator que terá contribuído para os progressos alcançados por Angola no domínio da erradicação da pobreza e do combate à fome é a expansão do ensino que fez chegar a educação universitária a todas as províncias do país, realçou para acrescentar que "também a merenda escolar melhorou a capacidade e o aproveitamento escolar das crianças".

Por outro lado, prosseguiu, o índice de mortalidade em Angola baixou drasticamente e que a esperança de vida dos Angolanos aumentou de 43 para 53 anos.

Recentemente, Angola foi homenageada pela FAO pelo cumprimento do primeiro Objetivo de Desenvolvimento do Milénio (ODM), ao reduzir para metade a percentagem da população afetada pela fome e pela má nutrição.

Na ocasião, o diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva, que expressou a sua satisfação pelo trabalho de Angola no combate à fome, entregou o diploma de reconhecimento ao ministro Pedro Canga, que representou o Presidente Eduardo dos Santos na cerimónia realizada na capital italiana, Roma, sede da organização.

No seu discurso de agradecimento, Afonso Pedro Canga destacou que, ao reduzir em metade o número de pessoas malnutridas, o Governo angolano está a dar passos significativos no cumprimento do compromisso de combater a fome e a má nutrição no país e no mundo.

Segundo o governante, esta proeza deve-se “à visão estratégica do chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, que elegeu a segurança alimentar, o combate à fome, à pobreza e o desenvolvimento rural como prioridades”.

O ministro explicou que, para se alcançar estes resultados, o Governo angolano implementou e continua a implementar um conjunto de programas nos domínios social e económico-produtivo, especificamente nos setores da agricultura, das pescas, da indústria, do emprego, da construção de infraestruturas, dos transportes, do comércio, da desminagem, da saúde, da assistência social, da educação e ensino, da formação profissional, assim como "uma boa governação, que se traduz na gestão cuidada dos recursos públicos".

Recordou que, logo após o fim do conflito, em 2002, o Governo implementou com êxito um vasto e complexo programa de reassentamento das pessoas deslocadas e refugiadas por causa da guerra, e um programa de reinserção social, económica e produtiva de milhares de ex-militares.

Neste âmbito, disse, regressaram para as zonas de origem ou de preferência mais de quatro milhões de pessoas que começaram a produzir os seus alimentos e deixaram de depender da ajuda alimentar.

Do mesmo modo, a agricultura familiar foi redinamizada e apoiada técnica e financeiramente, produzindo alimentos para o consumo e para a renda da família, concluiu.

Por seu turno, a FAO confirmou que, com este desempenho, Angola passou a figurar entre os 20 países que atingiram as metas internacionalmente estabelecidas de combate à fome antes do prazo final, estabelecido para 2015.

“Esses países estão a liderar o caminho para um futuro melhor. Eles são uma prova de que, com forte vontade política e cooperação, é possível obter reduções rápidas e duradouras da fome”, disse o diretor-geral da FAO.

Graziano da Silva pediu a todos os países que mantenham o empenho para a completa erradicação da fome, como proposto no Desafio Fome Zero, lançado em 2012 pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.

“A fome diminuiu em todo o mundo na última década, mas ainda existem 870 milhões de pessoas desnutridas e outros milhões a sofrer as consequências da escassez de vitaminas e minerais, inclusive a desnutrição infantil”, afirmou, acrescentando que “precisamos de manter os nossos esforços até que todos possam viver de forma saudável e produtiva”.

Segundo a FAO, os 20 países que já atingiram o primeiro ODM são Angola, Argélia, Bangladesh, Benin, Brasil, Cambodja, Camarões, Chile, República Dominicana, Fiji, Honduras, Indonésia, Jordânia, Malawi, ilhas Maldivas, Níger, Nigéria, Panamá, Togo e Uruguai.

-0- PANA IZ 01julho2013