Agência Panafricana de Notícias

Amnistia Internacional alerta Nigéria para escalada de violência nas vésperas de eleições

Lagos, Nigéria (PANA) –A Amnistia Internacional (AI) exortou as autoridades nigerianas a tomarem medidas para conter a crescente onda de violência política, étnica e religiosa suscetível de ameaçar a estabilidade das eleições em abril próximo.

Um novo relatório publicado por esta organização, intitulado “Loss of life, insecurity an impunity in the run up to Nigeria's lections” (perda de vidas humanas, insegurança e a impunidade na corrida eleitoral na Nigéria) mostra que centenas de pessoas foram mortas em atos de violências comunitária e interconfessionais, motivados por coniderações políticas no país nas vésperas das eleições presidêncais e legislativas.

Mais de 50 pessoas foram também mortas desde julho de 2010 nas violências diretamente ligadas às eleições. Os defensores dos direitos humanos, que vão desempenhar um papel fundamental no acompanhamento do desenrolar das eleições de abril, estão cada vez mais alvos de ameaças e atos de violência, sem estarem convenientemente protegidos pela forças de segurança.

As autoridades não levaram aos tribunais autores presumíveis destes atos e não fazem nada para impedir novas violações dos direitos humanos.

“As autoridades nigerianas devem tomar medidas para proteger a vida humana e todos os candidatos políticos devem denunciar as violências e exortar seus militantes a fazerem campanhas pacificamente”, pediu Tawanda Hondora, diretor adjunto do programa da Amnistia Internacional Africana.

“Os candidatos devem dizer aos eleitores o que vão fazer para parar homicídios insensatos e melhorar a segurança e a justiça na Nigéria. O debate presidêncial da sexta-feira 18 de Março é uma excelente ocasião para assumir este compromisso", acrescentou.

Os Nigerianos vão às urnas para uma série de eleições, designadamente a 2, 9 e 16 de Abril, , para eleger o Parlamento, o Presidente da República e governadores estaduais respetivamente.

No entanto a AI teme que as violências políticas e étnico-religiosas não comprometam as eleições.

Durante um dos piores episódios de violência, um atentado à bomba perpetrado na cidade de Jos, a 24 de dezembro de 2010, morreram cerca de 80 pessoas. O ataque, reivindicado posteriormente pelo grupo armado religioso Boko Haram (seita islamita), desencadeou durante vários meses uma série de retaliações entre diferentes grupos étnicos e religiosos no Estado de Plateau que fez cerca 120 mortes adicionais.

No Estado de Borno (Nordeste), Boko Haram tem sido acusado de ataques contra agentes das forças de segurança, funcionários e líderes religiosos, que resultaram na morte de cinquenta pessoas, incluindo transeuntes, desde julho de 2010.

-0- PANA SEG/NFB/TBM/CCF/DD 18março2011