Amnistia Internacional pede libertação de governantes detidos pela Junta no Mali
Paris , França (PANA) - A Amnistia Internacional (AI) apelou esta quinta-feira ao Comité Nacional de Salvação do Povo (CNSP), a Junta no poder no Mali, a libertação imediata do Presidente Ibrahima Boubacar Kéita e outros membros do Governo detidas no quadro do golpe de Estado militar de terça-feira.
A AI pede igualmente que a Junta ponha termo a detenções arbitrárias e investigue sobre o homicídio ilegal de quatro pessoas.
"Estamos preocupados com a detenção de vários membros do Governo, nomeadamente do Presidente Ibrahima Boubacar Kéita, e do primeiro-ministro, Boubou Cissé, pela Junta. Todas as pessoas presas (...) devem ser soltas imediatamente ou acusadas formalmente de infrações prevista pela lei.
"Pedimos aos líderes deste golpe de Estado que proteja os direitos de toda a população, incluindo as pessoas detidas, permitindo-lhes consultar advogados da sua escolha e contactar as suas famílias, e esclarecendo em que base legal se apoia a sua detenção” , declarou a AI num comunicado a que a PANA teve acesso, em Paris, capital francesa.
A Organização não Governamental (ONG) de defesa dos direitos humanos indicou ter registado, na noite de 18 de agosto corrente, “quatro mortos e 15 feridos”, precisando que “todas as vítimas foram atingidas a tiro, em circunstâncias pouco claras e foram conduzidas ao Hospital Gabriel Touré, na capital Bamako”.
Exortou, por isso, o CNSP a investigar sobre as circunstânias em que estes atos de violência ocorreram e, em caso da confirmação da práticas criminosas e violações dos direitos humanos, "os supostos responsáveis deverão responder pelos seus atos no quadro de julgamentos equitativos”.
A organização afirmou que estar a acompnhar de perto a situação, no Mali, e exortou as autoridades militares a respeitar e defender os direitos humanos e o direito internacional relativo aos direitos humanos e revelar a sorte reservada às pessoas detidas durante o golpe de Estado.
Uma rebelião eclodiu terça-feira de manhã, no quartel de Soundiata Kéïta, e, à tarde, os amotinados detiveram o Presidente Ibrahima Keita, e o primeiro-ministro Boubou Cissé.
Segundo algumas informações, vários altos responsáveis governamentais, nomeadamente os ministros das Finanças, Abdoulaye Daffé; dos Negócios Estrangeiros, Tiébilé Dramé; e da Defesa, general Ibrahim Dahirou Dembélé, também foram detidos.
Esta situação resulta de um vasto movimento de protestos lançado, desde junho último, por iniciativa do Movimento de 5 de Junho-Frente Patriótica de Resistência (M5-RFP) que reclamou pela demissão do Presidente Ibrahim Boubacar Kéita.
As manifestações de 10 de julho último foram violentamente reprimidas pelas forças de segurança, culminando em pelo menos 14 mortos e 300 feridos.
Os manifestantes, sob o impulso do Imame Mahmoud Dicko, dos partidos da oposição e da sociedade civil com o Movimento M5, denunciam a incapacidade das autoridades malianas face à insegurança e à crise económica.
Reclamam igualmente contra as condições de realização das eleições legislativas e a decisão do Tribunal Constitucional que reprovou candidatos declarados vencedores, alegadamente falsificando resultados, a favor do partido do Presidente Kéita.
-0- PANA BM/IS/FK/IZ 20agosto2020