Agência Panafricana de Notícias

Amnistia Internacional denuncia tática de terra queimada no Estado sudanês do Nilo Azul

Cartum, Sudão (PANA) - A Amnistia Internacional (AI) acusou as forças militares sudanesas de terem recorrido à tática brutal da terra queimada no Nilo Azul para afastar as populações civis deste Estado.

Baseadas em imagens satélites e declarações de testemunhas das zonas sob controlo dos rebeldes no Estado sudanês do Nilo Azul, estas acusações constam dum relatório intitulado "Não tivemos o tempo de os enterrar: crimes de guerra no Estado do Nilo Azul do Sudão".

Segundo a AI, este documento indica como bombardeios e ataques no solo das forças armadas sudanesas destruiram aldeias inteiras, fizeram vários mortos e feridos e obrigaram dezenas de milhares de pessoas a fugirem enfrentando consequentemente a fome, a doença e o cansaço.

A organização de defesa dos direitos humanos indicou que as informações recolhidas pelos seus pesquisadores revelam que aldeias nas Colinas de Ingessana, uma região controlada durante um tempo pelo Exército Popular de Libertação do Sudão-Norte (SPLA-N, rebelião) sofreram várias ofensivas da terra queimada em 2012.

Testemunhas descreveram igualmente ataques à bomba até abril de 2013 que mataram crianças e civis.

"O facto de visar sistematica e deliberadamente civis é uma tática do Governo sudanês que teve um efeito devastador em Darfur (oeste do país)", indica Jean-Baptiste Gallopin, pesquisador da AI para o Sudão, num comunicado baseado neste relatório divulgado segunda-feira última.

Atacar deliberadamente civis, sublinhou a AI, é um crime de guerra.

"Considerando a amplitude e a natureza aparentemente sistemática destes ataques, eles poderão igualmente constituir um crime contra a humanidade", segundo Gallopin.

-0- PANA SEG/FJG/JSG/IBA/CJB/DD 11jun2013