Alpha Condé na Turquia para cuidados médicos
Conacri, Guiné (PANA) - O ex-Presidente guineense, Alpha Condé, deixou Conakry sábado último de manhã para a Turquia, soube a PANA de fontes bem informadas.
A viagem de Condé ocorreu em menos de 24 horas depois de a junta no poder na Guiné ter emitido um comunicado que o autorizou a realizar exames médicos no estrangeiro.
O ex-chefe do Estado em janeiro último tinha ido para os Emirados Árabes Unidos para os mesmos motivos, tendo regressado à Guiné no início de abril último a pedido, diz-se, das autoridades da Transição que não terão apreciado o vazamento na imprensa local de um documento áudio, alegadamente emitido por Condé e que apelava aos responsáveis do Agrupamento do Povo da Guiné (RPG Arc-en-ciel), antigo partido no poder, a mobilizarem-se para retomarem o poder.
A junta enviou o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Morissanda Kouyaté, a Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, onde terá manifestado a desaprovação do Comité Nacional de Agrupamento para o Desenvolvimento (CNRD), a junta no poder desde a 05 de setembro de 2021, depois da transmissão do documento áudio, autenticado como tendo sido elaborado por Alpha Condé.
Segundo vários observadores, a partida de Condé para Ancara, na Turquia, faz parte da ordem normal das coisas por causa das "muito boas relações de amizade" entre o Presidente turco, Recep Erdogan, e o ex-chefe do Estado quineense que o recebeu em Conakry no âmbito de uma visita oficial, sancionada pela assinatura de diversos acordos de cooperação.
A decisão do CNRD de autorizar Condé a realizar exames médicos anula temporariamente a da justiça que recentemente o proibiu, assim como 26 dos seus colaboradores, de deixarem o território nacional por causa de uma denúncia por "crimes de sangue" apresentada pela Frente Nacional de a Defesa da Constituição (FNDC).
Esta acusa o Governo deposto de ser "o principal responsável pela morte" de vários de seus militantes e simpatizantes, a tiros durante manifestações pacíficas.
Durante estas manifestações iniciadas em 2020 para denunciar a mudança da Constituição de 2010, que permitiu a Condé concorrer a um terceiro mandato controverso, várias pessoas entre policiais e manifestantes pereceram e propriedades públicas e privadas foram destruídas.
-0- PANA AC/JSG/SOC/MAR/DD 22maio2022