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Agência Fitch prevê redução de turistas em Cabo Verde devido ao Covid-19

Praia, Cabo Verde (PANA) - A agência de notação financeira Fitch  advertiu, quarta-feira, para uma provável redução do número de turistas em Cabo Verde devido ao Covid-19, o que constituirá um dos principais impactos para um abrandamento do crescimento económico do arquipélago.

"Uma forte contração no turismo devido ao impacto do coronavírus vai restringir o crescimento económico e diminuir os lucros em moeda estrangeira para muitas economias", lê-se num relatório sobre o efeito do surto nos países do Médio Oriente e África.

No documento, enviado aos clientes, a Fitch Ratings escreve que entre os países "particularmente expostos a este efeito" estão Cabo Verde, Egito, Líbano, Marrocos e Rwanda.

Esta análise da Fitch coincide com a previsão da agência de 'rating' Standard & Poor's (S&P) para quem também a principal ameaça ao crescimento sustentado da economia de Cabo Verde é exógena, e está relacionada com a redução do número de turistas.

Na nota que acompanha a divulgação da manutenção do ‘rating’ de Cabo Verde em B, com Perspetiva de Evolução Estável, a S&P aponta que o principal fator que pode afetar o crescimento de cinco por cento previsto, em média, para os próximos anos, tem a ver com a chegada de turistas da zona euro e do Reino Unido, principal mercado emissor para Cabo Verde.

“O nosso cenário-base assume que a economia da zona euro vai crescer 1,4 por cento, entre 2020 e 2022, enquanto a economia britânica vai acelerar de um por cento, em 2020, para uma média de 1,7 por cento, em 2021 e 2022.

"Mas ainda pode haver um cenário diferente, envolvendo uma saída menos amigável da União Europeia por parte do Reino Unido”, apontam os analistas.

A ser assim, continuam, o desemprego no Reino Unido poderia aumentar e fazer diminuir o número de viagens internacionais feitas pelos britânicos e, por outro lado, a propagação do novo coronavírus, Covid-19, pode abrandar significativamente o turismo não só no arquipélago de Cabo Verde, mas um pouco por todo o Mundo.

“Se a proibição de voos decretada, a 27 de fevereiro, for estendida por um período significativamente mais longo [que as três semanas previstas], ou se o Covid-19 chegar às ilhas, isto irá provavelmente ter um impacto negativo significativo na economia de Cabo Verde, para além do que antecipamos no nosso cenário base”, lê-se na nota.

O turismo vale 46 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) de Cabo Verde, lembra a S&P, concluindo que, apesar dos esforços para atrair turistas com mais poder de compra, “os pacotes de férias para a classe média continuam a ser uma parte crítica do setor do turismo, em Cabo Verde”.

No entanto, os analistas da S&P notam, ainda assim, que a economia, muito dependente do turismo, continua a ter um desempenho acima das expetativas.

“O PIB real expandiu-se 6,7 por ceento no terceiro trimestre do ano passado face ao período homólogo de 2018, o que trouxe a média de 2019 para mais de seis por cento, apesar de o país estar no terceiro ano de seca que prejudicou muito a produção agrícola”, segundo os mesmos autores.

-0- PANA CS/IZ 12março2020