Agência Panafricana de Notícias

Africanos pedem à Bélgica para devolver antigos objetos de arte da RD Congo

Bruxelas, Bélgica (PANA) - A presidente da associação cultural Bamko-Cran (Conselho Representativo das Associações Negras), Mireille Theusi-Robert, pede à Bélgica para restituir à República Democrática do Congo (RDC) seus antigos objetos de arte pilhados pela antiga potência colonial belga e armazenados atualmente em museus na Bélgica.

Insistiu especialmente no caso do crânio do soba Tabwa, Lusinga Iwa N’Gombé, levado numa caixa para a Bélgica pelo soldado belga, Emile Storms, que o havia decapitado por rebelião em 1884 na província do Lago Tanganyika.

O soldado belga apoderou-se de estátuas sagradas pertencentes ao líder rebelde congolês em apreço e que estão armazenadas presentemente no Museu Real de Tervuren, rebatizado "Africa Museum" após cinco anos de obras da sua renovação.

Segundo um estudo realizado por peritos, mais de 90 porcento de obras de arte clássica africana, pilhadas durante a colonização, estão fora do continente africano, nomeadamente em British Museum, no Museu do Quai Branly (Paris, França) e no Museu Real Belga de Tervuren.

Objetos culturais, bem como restos humanos foram levados para países ocidentais durante guerras coloniais. Pelo menos 300 crânios e outras ossadas provenientes das recolhas coloniais realizadas, principalmente no Congo belga, estão conservados na Bélgica.

Recentemente, as autoridades alemãs restituíram, durante uma cerimónia solene, ao Governo da Namíbia, restos humanos dos sobas Hereros mortos durante a colonização alemã do sudoeste africano.

A presidente do Bamko-Cran rejeitou alegações segundo as quais objetos artísticos suscetíveis de ser restituídos a África podem desaparecer devido a roubos, a atos de vandalismo e de convulsões políticas.

Com efeito, durante a chegada em 1997 a Kinshasa das tropas da AFDL (Aliança das Forças Democráticas para a Libertação do Congo-Zaire, então rebelião ), todo o estoque de objetos de arte antigos que a Bélgica restituiu ao Zaire de Mobutu, foram pilhados e levados por milhares de soldados rwandeses infiltrados no efetivo deste movimento.

Por esta razão, a exigência do Bamko-Cran pode não ter sequência favorável.

-0- PANA AK/IS/FK/DD 14nov2018