Agência Panafricana de Notícias

Adiadas negociações sul-sudanesas depois de massacre

Addis Abeba, Etiópia (PANA) – As negociações de paz em Addis Abeba para pôr termo ao conflito no Sudão do Sul foram adiadas para segunda-feira próxima, depois do agravamento desta guerra que já deslocou cerca de um milhão de civis, anunciaram os medianeiros.

A Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD), que desempenha o papel de medianeira nestas negociações, anunciou terça-feira o seu adiamento de uma semana suplementar para "consultas".

A IGAD anunciou este adiamento num comunicado de duas linhas sem dar mais precisões.

O Presidente sul-sudanês, Salva Kiir, deslocou-se a Addis Abeba, quinta-feira, para se encontrar com o primeiro-ministro etíope, Hailé Mariam Desalegn, que insistiu na necessidade de se pôr termo aos combates no Sudão do Sul e prometeu o desdobramento de uma força de dissuasão logo que possível.

Os dirigentes da IGAD aceitaram o princípio do desdobramento de uma força de proteção e de dissuasão no Sudão do Sul este mês, quando se reuniram em Addis Abeba, capital etíope, e mandataram o Governo sul-sudanês e os rebeldes a negociarem, de boa fé, uma resolução pacífica deste conflito.

O ex-Vice-Presidente Riek Machar, que leva a cabo uma ofensiva armada, não para de repetir que as suas tropas invadirão a capital, Juba, se as negociações de Addis Abeba fracassarem.

Alguns delegados já se encontravam em Addis Abeba para a retomada da segunda fase das negociações, inicialmente prevista para esta quarta-feira.

Os ministros do Presidente Kiir acusam os rebeldes de violar o acordo de cessação das hostilidades assinado em janeiro de 2014, invocando a recente tomada da cidade petrolífera de Bentiu pelos rebeldes depois de fortes combates, na última semana.

Esta mesma semana, um grupo de jovens atacou o complexo da Missão da ONU no Sudão do Sul (MINUSS) que alberga milhares de deslocados em Bor, a capital do Estado de Jonglei, fazendo dezenas de vítimas.

Os responsáveis da MINUSS anunciaram, segunda-feira, que um balanço inicial das vítimas em Bentiu indicava que 200 pessoas refugiadas nas mesquitas e nos hospitais foram mortas.

Os investigadores dos direitos humanos da MINUSS confirmaram que, quando as forças rebeldes tomaram Bentiu, a 16 de abril corrente, revistaram os refúgios de centenas de civis sul-sudaneses e estrangeiros, tendo em seguida matado muitos deles depois de determinar a sua etnia ou nacionalidade.

"Estas atrocidades devem ser objeto de um inquérito aprofundado e os seus autores e comanditários deverão prestar contas", indicou Raisedon Zenenga, chefe da MINUSSS.

-0- PANA AO/VAO/FJG/BEH/CJB/IZ 23abril2014