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Agência Panafricana de Notícias
Abrandamento económico chinês poderá afetar crescimento de Moçambique, diz relatório
Londres, Reino Unido (PANA) - A economia moçambicana poderá vir a sofrer um impacto negativo do abrandamento do crescimento económico da China, adverte um relatório compilado pela Fathom Consulting, uma empresa de consultoria baseada no Reino Unido.
Nos últimos anos, a China vinha registando uma taxa de crescimento anual superior a oito porcento e, por isso, usava o seu forte poderio económico para investir fortemente no continente africano e adquirir matérias-primas.
Além disso, África também constituía um grande mercado para o consumo de produtos chineses.
Segundo o relatório da Fathom Consulting citado pela agência moçambicana de notícias (AIM), África fornece a China muitas matérias-primas necessárias para alimentar o motor do seu crescimento económico, sendo também "um mercado sedento de produtos manufaturados na China".
O documento destaca que as exportações deste país asiático para África aumentaram quase 15 porcento nos 12 meses que antecederam a 2014, superando assim as exportações para Ásia, Europa e Estados Unidos.
"Para África, a demanda da China por suas matérias-primas e o influxo de investimento direto estrangeiro serviu de fonte de uma renda adicional. Recentemente, com a subida dos salários na China, os fabricantes deste gigante asiático começaram a manufaturar parte da sua produção em África, o que proporcionou empregos para os Africanos e serviu de oportunidade para a aquisição de novas aptidões", indica o relatório.
O documento precisa que o comércio entre a China e África disparou de apenas 10 biliões dólares americanos em 2000 para 220 biliões de dólares no ano passado, uma cifra três vezes superior ao volume do comércio entre o continente africano e os Estados Unidos.
Contudo, prossegue, desde junho do corrente ano as bolsas chinesas entraram em queda livre, forçando o Governo a desvalorizar a sua moeda, o renminbi, o que faz recear sintomas da existência de problemas estruturais profundos na economia chinesa.
"Aliás, os seus efeitos já se fazem sentir", refere o relatório, sustentando que estatísticas divulgadas em julho revelam uma queda de 40 porcento no volume das importações da China para África comparativamente ao mesmo período do ano anterior.
A Fathom Consulting realizou um estudo da interligação de um grupo de 19 Estados africanos e a China, tendo classificado cada país de acordo com o seu grau de exposição face ao abrandamento da economia chinesa.
O referido estudo coloca Moçambique na oitava posição em termos de vulnerabilidade, enquanto a Zâmbia, a Libéria e a África do Sul aparecem como os três países mais vulneráveis.
De acordo com o autor do relatório, Oliver White, a Zâmbia e a Libéria são os países mais expostos pelo facto de o investimento estrangeiro direto da China representar cerca de 7,5 porcento do seu Produto Interno Bruto (PIB).
“As exportações da Zâmbia (para a China) representam 30 porcento do seu PIB, enquanto no caso da Libéria chega a atingir 43 porcento", afirmou.
Por seu turno, a Libéria está particularmente exposta pelo facto de o valor das suas exportações para a China representar quase 14 porcento do seu PIB.
White explicou que Moçambique também possui fortes laços económicos com a China, que recebeu nove porcento do total das exportações de Moçambique que representam 30 porcento do seu PIB.
"Felizmente, Moçambique está menos exposto comparativamente à Zâmbia e à Libéria, pelo facto de o investimento estrangeiro direto da China equivaler a apenas dois porcento do seu PIB", ressalvou White para quem o abrandamento da economia chinesa surge "num momento em que o Banco Central dos Estados Unidos pretende adoptar uma política monetária restritiva, através da subida da taxa de juro".
O efeito desta iniciativa, explicou, será o encarecimento do dólar americano e uma eventual retração de investimentos no continente africano, para além de acarretar um serviço da dívida mais pesado, quando medido em dólares americanos.
Quantificando os efeitos de todos estes fatores agregados, o relatório da Fathom Consulting prevê uma queda do crescimento económico na região da África Subsariana para três porcento no corrente ano e 3,5 porcento no próximo.
Moçambique, um país-membro da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), deverá ser afetado ainda por problemas na vizinha África do Sul, Zâmbia e Malawi, que ocupam uma posição cimeira no referido relatório.
Mais ainda, se a economia mundial resvalar para mais uma recessão económica, isso poderá ter um impacto negativo para as perspetivas futuras do país.
A economia de Moçambique revelou-se muito resiliente face à recessão mundial de 2007 e às taxas de crescimento lento, que, desde então, afetaram muitos países.
Estatísticas do Banco Mundial indicam que o crescimento do PIB de Moçambique atingiu uma média de 7,4 porcento ao longo das últimas duas décadas.
Até pouco antes do último choque sobre as perspetivas da economia chinesa, esperava-se que Moçambique seria capaz de manter este impressionante ritmo de crescimento económico.
Falando no Parlamento em julho último, o primeiro-ministro Carlos Agostinho do Rosário disse que Moçambique estava "no caminho certo" para atingir a meta de um crescimento anual de 7,5 porcento.
Em maio passado, o Fundo Monetário Internacional anunciou que, a médio prazo, Moçambique deverá manter-se uma das economias mais dinâmicas do continente, com uma taxa média de crescimento de até oito porcento durante o período 2016-2019.
-0- PANA IZ 13set2015
Nos últimos anos, a China vinha registando uma taxa de crescimento anual superior a oito porcento e, por isso, usava o seu forte poderio económico para investir fortemente no continente africano e adquirir matérias-primas.
Além disso, África também constituía um grande mercado para o consumo de produtos chineses.
Segundo o relatório da Fathom Consulting citado pela agência moçambicana de notícias (AIM), África fornece a China muitas matérias-primas necessárias para alimentar o motor do seu crescimento económico, sendo também "um mercado sedento de produtos manufaturados na China".
O documento destaca que as exportações deste país asiático para África aumentaram quase 15 porcento nos 12 meses que antecederam a 2014, superando assim as exportações para Ásia, Europa e Estados Unidos.
"Para África, a demanda da China por suas matérias-primas e o influxo de investimento direto estrangeiro serviu de fonte de uma renda adicional. Recentemente, com a subida dos salários na China, os fabricantes deste gigante asiático começaram a manufaturar parte da sua produção em África, o que proporcionou empregos para os Africanos e serviu de oportunidade para a aquisição de novas aptidões", indica o relatório.
O documento precisa que o comércio entre a China e África disparou de apenas 10 biliões dólares americanos em 2000 para 220 biliões de dólares no ano passado, uma cifra três vezes superior ao volume do comércio entre o continente africano e os Estados Unidos.
Contudo, prossegue, desde junho do corrente ano as bolsas chinesas entraram em queda livre, forçando o Governo a desvalorizar a sua moeda, o renminbi, o que faz recear sintomas da existência de problemas estruturais profundos na economia chinesa.
"Aliás, os seus efeitos já se fazem sentir", refere o relatório, sustentando que estatísticas divulgadas em julho revelam uma queda de 40 porcento no volume das importações da China para África comparativamente ao mesmo período do ano anterior.
A Fathom Consulting realizou um estudo da interligação de um grupo de 19 Estados africanos e a China, tendo classificado cada país de acordo com o seu grau de exposição face ao abrandamento da economia chinesa.
O referido estudo coloca Moçambique na oitava posição em termos de vulnerabilidade, enquanto a Zâmbia, a Libéria e a África do Sul aparecem como os três países mais vulneráveis.
De acordo com o autor do relatório, Oliver White, a Zâmbia e a Libéria são os países mais expostos pelo facto de o investimento estrangeiro direto da China representar cerca de 7,5 porcento do seu Produto Interno Bruto (PIB).
“As exportações da Zâmbia (para a China) representam 30 porcento do seu PIB, enquanto no caso da Libéria chega a atingir 43 porcento", afirmou.
Por seu turno, a Libéria está particularmente exposta pelo facto de o valor das suas exportações para a China representar quase 14 porcento do seu PIB.
White explicou que Moçambique também possui fortes laços económicos com a China, que recebeu nove porcento do total das exportações de Moçambique que representam 30 porcento do seu PIB.
"Felizmente, Moçambique está menos exposto comparativamente à Zâmbia e à Libéria, pelo facto de o investimento estrangeiro direto da China equivaler a apenas dois porcento do seu PIB", ressalvou White para quem o abrandamento da economia chinesa surge "num momento em que o Banco Central dos Estados Unidos pretende adoptar uma política monetária restritiva, através da subida da taxa de juro".
O efeito desta iniciativa, explicou, será o encarecimento do dólar americano e uma eventual retração de investimentos no continente africano, para além de acarretar um serviço da dívida mais pesado, quando medido em dólares americanos.
Quantificando os efeitos de todos estes fatores agregados, o relatório da Fathom Consulting prevê uma queda do crescimento económico na região da África Subsariana para três porcento no corrente ano e 3,5 porcento no próximo.
Moçambique, um país-membro da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), deverá ser afetado ainda por problemas na vizinha África do Sul, Zâmbia e Malawi, que ocupam uma posição cimeira no referido relatório.
Mais ainda, se a economia mundial resvalar para mais uma recessão económica, isso poderá ter um impacto negativo para as perspetivas futuras do país.
A economia de Moçambique revelou-se muito resiliente face à recessão mundial de 2007 e às taxas de crescimento lento, que, desde então, afetaram muitos países.
Estatísticas do Banco Mundial indicam que o crescimento do PIB de Moçambique atingiu uma média de 7,4 porcento ao longo das últimas duas décadas.
Até pouco antes do último choque sobre as perspetivas da economia chinesa, esperava-se que Moçambique seria capaz de manter este impressionante ritmo de crescimento económico.
Falando no Parlamento em julho último, o primeiro-ministro Carlos Agostinho do Rosário disse que Moçambique estava "no caminho certo" para atingir a meta de um crescimento anual de 7,5 porcento.
Em maio passado, o Fundo Monetário Internacional anunciou que, a médio prazo, Moçambique deverá manter-se uma das economias mais dinâmicas do continente, com uma taxa média de crescimento de até oito porcento durante o período 2016-2019.
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