Agência Panafricana de Notícias

AI exige inquérito independente sobre "suicídio" de músico rwandês Kizito Mihigo

 

Kigali, Rwanda (PANA) – A organização internacional de defesa dos direitos humanos, Amnistia Internacional (AI), manifestou-se  chocada após o presumível suicídio do músico rwandês de gospel, Kizito Mihigo, em detenção vigiada em Kigali, e exige um inquérito independente para determinar as causas reais da sua morte, indica um comunicado da referida entidade a que a PANA teve acesso no local.

Citado no documento, o diretor da AI para a África Oriental e Austral, Deprose Muchena, indicou que a sua organização  também está profundamente entristecida pela notícia da morte do músico de gospel, ocorrida sexta-feira última.

"As autoridades rwandesas disseram que ele se suicidou. Elas devem imediatamente abrir um inquérito independente, imparcial e rigoroso para determinar a causa da sua morte. Se foi natural ou acidental, ou um caso de suicídio ou de homicídio”, declarou Muchena.

"As coisas devem ser claras. O inquérito deve estabelecer todos os factos, incluindo a implicação eventual de outras pessoas, e se as práticas e condições da cadeia causaram ou contribuíram para a morte de Kizito”, acrescentou.

A AI sublinhou que, sexta-feira última,  o Escritório de Inquérito rwandês confirmou a detenção de Mihigo no distrito de Nyaruguru, perto da fronteira com o Burundi.

Ele foi acusado de ter querido atravessar ilegalmente a fronteira burundesa para se juntar a "grupos terroristas", de corrupção e de ter violado as condições da sua libertação de cadeia em 2018.

Mihigo era antes próximo da Frente Patriótica Rwandesa (FPR, partido no poder no Rwana), mas, em abril de 2014, ele foi detido por ter publicado uma canção gospel na qual ela rezava pelas vítimas do genocídio e de outros atos de violência.

Em fevereiro de 2015, ele foi declarado culpado de conspiração contra o Governo, de formação dum grupo criminoso e de conspiração com vista a cometer um homicídio, antes de ser condenado a 10 anos de encarceramento.

Em 2018, ele foi liberto na sequência dum indulto presdiencial, com uma mulher opositora, a condição de eles se apresentarem diante do procurador local uma vez por mês, e pedirem a autorização antes de se deslocar ao estrangeiro.

-0- PANA MA/NFB/JSG/FK/DD 18fev2020