PANAPRESS
Agência Panafricana de Notícias
A voz divina do povo
Dakar, Senegal (PANA) - Os atos, as ações e as atitudes dos seres humanos, enquanto agentes de mudança, têm uma relação direta e indissociável com o destino das sociedades em que estão inseridos, influenciando no seu devenir com tranformações perenes e indeléveis.
Enquanto agentes de mudança, os cidadãos e as cidadãs conscientes e responsáveis jogam um papel primordial na moldagem de comportamentos e na definição das balizas que regem as suas sociedades, apesar de muitos deles ignorarem o seu verdadeiro peso neste conjunto de indivíduos que partilham valores, direitos e deveres comuns.
O efeito causado por um ato isolado dum simples vendedor ambulante, que apesar de formado estava desempregado e era obrigado a comercializar bens na rua para garantir o pão para a família, despertou o povo tunisino do seu sono profundo imposto por um regime ditatorial regido pela censura e pela privação de todas as liberdades fundamentais.
Ao se imolar com fogo para protestar contra a sua detenção pela Polícia, Mohamed Bouazizi ignorava, de certeza, que o seu ato iria servir de catalisador para a maior revolta popular da história do seu país e de todo mundo árabe.
Com a sua ação, o jovem tunisino de 26 anos, designado “Pessoa do Ano 2011” pela revista britânica “Times”, despertou os seus compatriotas para assumirem as suas responsabilidades e perceber que, afinal de contas, eles podiam jogar um papel primordial como agentes de mudança da sua sociedade no combate à injustiça, à desigualdade social, à má distribuição da riqueza e ao abuso do poder.
Tal uma bomba atómica, a “Primavera Árabe” ultrapassou as fronteiras da Tunísia para contagiar outros regimes super-poderosos na Líbia, no Egito, no Iémen e, mais recentemente, na Síria, marcando incontestavelmente 2011 nestes países como o ano da “voz do povo”, a verdadeira massa popular e não a que é apenas utilizada abusivamente pelos pseudo patriotas e democratas para falar em seu nome.
Este movimento de renascença e de resgate da dignidade popular demonstrou, de forma inequívoca, aos incrédulos e aos ingénuos que mesmo os regimes mais ditatoriais e mais repressivos também são vulneráveis a choques exógenos e endógenos.
No entanto, apesar dos ventos de mudanças que sopram no mundo árabe, muitos outros regimes persistem em fazer ouvidos de mercador aos apelos das forças de pressão (Ong, imprensa e sociedade civil) para reformas políticas e maior justiça social.
Mas, como todo e qualquer processo, a tomada de consciência e a assunção pelo povo das suas responsabilidades para a transformação das sociedades passa por etapas nem sempre sequenciais, mas sempre determinantes.
As tentativas de amordaçar o povo, enquanto ator chave e garante da legitimidade do poder político em democracia, provocam na maior parte dos casos um efeito boomerang com consequências fatais.
Nos regimes democráticos em gestação, a quase ausência de partilha e de separação do poder político permite a um grupúsculo de indivíduos manter o povo servil e silenciado até a exaustão, causando, mais tarde ou mais cedo, uma explosão sem limites.
A voz do povo na qualidade de voz de Deus (em latim vox populi, vox Die) é divina e infalível, enquanto o seu silêncio cúmplice apenas conforta os que se servem dele para legimitar os seus fins geralmente contrários à vontade popular.
Por: António Pascoal Neto,
Jornalista da PANA
-0- PANA TON/TON 31Dez2011
Enquanto agentes de mudança, os cidadãos e as cidadãs conscientes e responsáveis jogam um papel primordial na moldagem de comportamentos e na definição das balizas que regem as suas sociedades, apesar de muitos deles ignorarem o seu verdadeiro peso neste conjunto de indivíduos que partilham valores, direitos e deveres comuns.
O efeito causado por um ato isolado dum simples vendedor ambulante, que apesar de formado estava desempregado e era obrigado a comercializar bens na rua para garantir o pão para a família, despertou o povo tunisino do seu sono profundo imposto por um regime ditatorial regido pela censura e pela privação de todas as liberdades fundamentais.
Ao se imolar com fogo para protestar contra a sua detenção pela Polícia, Mohamed Bouazizi ignorava, de certeza, que o seu ato iria servir de catalisador para a maior revolta popular da história do seu país e de todo mundo árabe.
Com a sua ação, o jovem tunisino de 26 anos, designado “Pessoa do Ano 2011” pela revista britânica “Times”, despertou os seus compatriotas para assumirem as suas responsabilidades e perceber que, afinal de contas, eles podiam jogar um papel primordial como agentes de mudança da sua sociedade no combate à injustiça, à desigualdade social, à má distribuição da riqueza e ao abuso do poder.
Tal uma bomba atómica, a “Primavera Árabe” ultrapassou as fronteiras da Tunísia para contagiar outros regimes super-poderosos na Líbia, no Egito, no Iémen e, mais recentemente, na Síria, marcando incontestavelmente 2011 nestes países como o ano da “voz do povo”, a verdadeira massa popular e não a que é apenas utilizada abusivamente pelos pseudo patriotas e democratas para falar em seu nome.
Este movimento de renascença e de resgate da dignidade popular demonstrou, de forma inequívoca, aos incrédulos e aos ingénuos que mesmo os regimes mais ditatoriais e mais repressivos também são vulneráveis a choques exógenos e endógenos.
No entanto, apesar dos ventos de mudanças que sopram no mundo árabe, muitos outros regimes persistem em fazer ouvidos de mercador aos apelos das forças de pressão (Ong, imprensa e sociedade civil) para reformas políticas e maior justiça social.
Mas, como todo e qualquer processo, a tomada de consciência e a assunção pelo povo das suas responsabilidades para a transformação das sociedades passa por etapas nem sempre sequenciais, mas sempre determinantes.
As tentativas de amordaçar o povo, enquanto ator chave e garante da legitimidade do poder político em democracia, provocam na maior parte dos casos um efeito boomerang com consequências fatais.
Nos regimes democráticos em gestação, a quase ausência de partilha e de separação do poder político permite a um grupúsculo de indivíduos manter o povo servil e silenciado até a exaustão, causando, mais tarde ou mais cedo, uma explosão sem limites.
A voz do povo na qualidade de voz de Deus (em latim vox populi, vox Die) é divina e infalível, enquanto o seu silêncio cúmplice apenas conforta os que se servem dele para legimitar os seus fins geralmente contrários à vontade popular.
Por: António Pascoal Neto,
Jornalista da PANA
-0- PANA TON/TON 31Dez2011