92 militantes da oposição mortos na Guiné-Conakry
Conakry, Guiné-Conakry (PANA) - Pelo menos 92 pessoas foram mortas e 324 outras ficaram feridas, entre junho de 2019 e março último, na Guiné-Conakry, durante manifestações pacíficas, organizadas pela oposição, revelou esta segunda-feira a Frente Nacional para a Defesa da Constituição (FNDC).
Num documento entregue à imprensa, em Conakry, a opositora FNDC precisa que parte das primeiras vítimas da repressão da luta contra o terceiro mandato do Presidente cessante, Alpha Condé, foram registadas em Nzérékoré (sul), a quase mil quilómetros da capital.
A outra parte é de Kankan (Alta Guiné), a 600 quilómetros da capital, todas em junho de 2019, antes do aumento da violência até atingir, em março último, várias outras localidades do país, incluindo Conakry.
De acordo com a FNDC, várias vítimas foram abatidas a tiro, por elementos das forças de defesa e segurança.
Dos 324 feridos graves, 129 estão por identificação e pertencem à prefeitura de Nzérékoré, sublinha a mesma fonte, precisando que 59 indivíduos sofreram ferimentos de bala e 30 foram afetados por gases lacrimogéneos, entre outros.
Apesar da proibição das manifestações da FNDC, esta projeta fazer sair à rua, na próxima quinta-feira, a 72 horas das eleições presidenciais, os seus militantes e simpatizantes para denunciar a realização do escrutínio, pedindo o seu boicote.
No entanto, o antigo primeiro-ministro, Mamadou Cellou Dalein Diallo (sob regime do finado Presidente Lansana Conté), os ex-ministros Ousmane Kaba e Abdoul Kabèlè Cama sob o regime do atual chefe de Estado, todos membros da FNDC, fazem parte dos 12 candidatos às eleições presidenciais.
Apesar dos apelos dos líderes religiosos, da sociedade civil e da Comunidade Internacional, atos de violência continuam, nomeadamente nos campos dos militantes do Reagrupamento do Povo da Guiné (RPG, partido no poder) e da União das Forças Democráticas da Guiné (UFDG, principal formação da oposição).
De acordo com fontes contactadas pela PANA, o cortejo do candidato da UFDG, Mamadou Cellou Dalein Diallo, foi impedido, domingo, pelos militantes da RPG, de entrar na cidade de Kankan, bastião do RPG, onde devia realizar um comício.
Recentemente, confrontos eclodiram entre os militantes dos dois campos em Faranah (sul) onde, de acordo com várias fontes, simpatizantes do RPG atacaram violentamente os da UFDG.
Eles alegaram que o cortejo do primeiro-ministro Ibrahima Kassory Fofana, igualmente diretor de campanha do Presidente cessante, foi apedrejado no termo de um comício, realizado em Labé, na Média Guiné, principal bastião do antigo primeiro-ministro, e em Dalaba, na mesma província.
-0- PANA AC/JSG/FK/IZ 12out2020