45 migrantes ilegais mortos ao largo da costa ocidental da Líbia
Trípoli, Líbia (PANA) - Pelo menos 45 migrantes clandestinos morreram ao largo de Zouara, no oeste da Líbia, no maior naufrágio registado este ano nas costas deste país da África do Norte, anunciaram quarta-feira organismos das Nações Unidas.
Num comunicado conjunto, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) exprimem "a sua profunda tristeza pela morte trágica de pessoas no acidente ocorrido a 17 de agosto corrente”.
Os dois orgaismos onusinos reiteram o seu apelo para uma revisão da abordagem dos países face à situação após o recente acidente ocorrido no Mediterrâneo.
Revelam que os pescadores locais salvaram alguns sobreviventes, sendo cidadãos maioritariamente do Senegal, do Mali, do Tchad e do Gana, que foram depois detidos no seu desembarque.
"Eles disseram ao pessoal da OIM que 45 mulheres e cinco crianças perderam a vida, quando o motor do navio explodiu ao largo de Zouara" , precisou a mesma fonte.
O comunicado conjunto acrescenta que "existe uma necessidade urgente de reforçar a capacidade atual de busca e salvamento, para responder aos alertas” , notando que "há sempre uma ausência contínua de um programa de busca e salvamento dirigido pela União Europeia”.
As duas organizações exprimiram a sua preocupação pelo “risco de outras catástrofes similares aos incidentes que viram grandes perdas de vidas humanas no Mediterrâneo Central, antes do lançamento da operação (Nosso Mar) pelo Governo italiano”.
Apelaram para “o aumento urgente das capacidades das operações marítimas e salvamento realizadas pela União Europeia”.
A OIM e o ACNUR apelaram ainda às autoridades líbias para tomar medidas firmes contra os passadores e traficantes de seres humanos.
Sublinharam a necessidade de se pôr fim aos gangues de passadores dirigidos por grupos criminosos a fim de prevenir novas explorações e violações.
As duas organizações também apelaram à comunidade internacional para apoiar estes esforços e dar um apoio acrescido às autoridades líbias na sua luta contra as redes de tráfico dos seres humanos.
“as Organizações não Governamentais desempenharam um papel decisivo para salvar várias vidas no mar num contexto de forte diminuição dos esforços envidados pelos países europeus”, realçaram.
Sublinharam igualmente a necessidade de não entravar o trabalho das organizações humanitárias para salvar várias vidas e levantar rapidamente as restrições jurídicas e logísticas ao seu trabalho, exprimindo a sua profunda preocupação face aos recentes atrasos registados nas operações de salvamento e desembarque.
A Líbia, país ao mesmo tempo de destino e trânsito da emigração clandestina para a Europa, está confrontada, nos últimos anos, com um elevado fluxo de migrantes clandestinos, com mais de um milhão de indivíduos à espera de uma oportunidade para embarcar em barcos obsoletos com vista a atravessar o Mediterrâneo para a Europa.
-0- PANA BY/TBM/FK/IZ 20agosto2020