32 por cento cabo-verdianos sofrem de insegurança alimentar, dizem PAM e FAO
Praia, Cabo Verde (PANA) - O Programa Mundial de Alimentos (PAM) e a Organização das Nações Unidas para e Agricultura (FAO) indicaram semana passada que 32 por cento da população cabo-verdiana sofre de insegurança alimentar e que há famílias a comer menos.
Numa nota informativa da Organização das Nações Unidas (ONU), citada pela imprensa cabo-verdiana, as duas agências onusinas mencionam a seca, a covid-19 e a crise na Ucrânia como fatores que levaram ao aumento de pessoas a passar por situação de insegurança alimentar no arquipélago.
A situação afeta 181.000 pessoas, ou seja, 32 por cento da população cabo-verdiana, incluindo crianças.
Segumdo o documento, esta situação fez com que o Governo cabo-verdiano declarasse, a 20 de junho corrente, o estado de emergência económica e social.
As agências da ONU afirmam que, se o problema não for tratado com urgência, haverá interrupções na produção agrícola e no acesso aos alimentos, colocando mais vidas em risco, já que, frisaram, Cabo Verde depende bastante das importações agroalimentares.
“Anos de seca que levaram à queda na produção de alimentos, uma crise económica desde o início da pandemia da covid-19 e impactos da alta nos mercados de energia e de produção alimentar por conta da guerra na Ucrânia, são os principais fatores”, lê-se na nota.
As agências da ONU lembram ainda que Cabo Verde depende fortemente do turismo, setor responsável por mais de 60 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), e que fornece empregos a 70 por cento da população, e que, nos últimos dois anos, o país viu as receitas do turismo caírem 78 por cento, com consequências severas para a economia.
Em abril último, sublinha a fonte, uma missão da FAO, Programa Mundial de Alimentação (PAM) e o Governo de Cabo Verde, no arquipélago, descobriram que famílias de áreas rurais estão a reduzir o número de refeições e comer menos, às vezes passando de três refeições por dia para apenas uma.
Conforme realçam, na última estação de chuvas, choveu 34 por cento menos do que o esperado em Cabo Verde, que registou a maior queda na produção de cereais, com corte de 93 por cento.
A vice-directora do PAM no oeste de África, Elvira Pruscini, afirmou que "o momento é crítico para a união em apoio ao Governo e para se conseguir garantir o básico em termos de alimentação e nutrição para as comunidades mais vulneráveis.”
O PAM e a FAO precisam de 15.000.000 dólares americanos para apoiar o plano de resposta governamental, com uma duração de dois anos, prevendo a entrega de refeições escolares e o reforço da produção agrícola.
-0- PANA CS/DD 27junho2022