Agência Panafricana de Notícias

30 mil ninhos de tartarugas protegidos em Cabo Verde

Praia, Cabo Verde (PANA) – Associações de proteção das tartarugas marinhas em Cabo Verde conseguiram proteger cerca de 30 mil ninhos desta espécie que desovaram nas praias do arquipélago cabo-verdiano durante o ano 2012, apurou a PANA quarta-feira de fonte dessas organizações.

A informação foi revelada pelo presidente da Rede Nacional de Proteção das Tartarugas Marinhas de Cabo Verde (TAOLA), Júlio Rocha, que na ocasião salientando que a campanha levada a cabo ao longo do ano passado por Organizações Não-Governamentais (ONG) e o engajamento das populações foram extremamente positivos para a preservação destes animais aquáticos, uma espécie em risco de extinção.

Segundo disse, a ilha onde se conseguiu proteger o maior número de ninhos de tartarugas foi a Boa Vista, seguida pela do Maio, tendo se registado ainda uma forte incidência na ilha da Santa Luzia, a única do arquipélago cabo-verdiano que não é habitada mas por onde arribam pescadores de outros pontos do país.

O presidente da TAOLA, uma ONG criada em 2008, mostra-se no entanto muito preocupado com o consumo de carne de tartaruga em Cabo Verde, uma questão que tem sido muito debatida, mas que ainda continua a ser uma prática em quase todas as ilhas.

Júlio Rocha anunciou a este propósito que a Direção Geral do Ambiente está a trabalhar para pôr de pé uma legislação que sirva para uma melhor conservação da espécie, bem como uma maior fiscalização que leve à punição dos infratores.

Em 2008, o Governo cabo-verdiano apresentou, na ilha do Sal, um Plano Nacional de Preservação das Tartarugas Marinhas destinado a proteger a espécie em vias de extinção.

Elaborado pelo Governo em parceria com várias instituições nacionais e internacionais, o plano previa a tomada de medidas para garantir a conservação durável das tartarugas marinhas, proporcionando meios para implementar atividades de conservação, assim com a aplicação da lei que proíbe a matança dessa espécie animal.

No entanto, apesar da proibição da sua captura, dezenas delas são mortas anualmente nas ilhas de Cabo verde, onde a carne deste animal marinho é muito apreciada.

As sucessivas campanhas levadas a cabo por instituições públicas e privadas para desencorajar esta prática não dissuadiram os pescadores, determinados a obter, com a sua venda, ganhos que a atividade piscatória normal muitas vezes não lhes proporciona.

Ao arquipélago chegam todos os anos, por altura da época mais quente, centenas de tartarugas para desovar nas praias, mas muitas delas são capturadas e mortas por populares e pescadores que, igualmente, destroem os ovos escondidos na areia.

Cabo Verde faz parte das rotas de migração de cinco das sete espécies de tartarugas marinhas existentes no mundo, sendo a "Caretta caretta", ou tartaruga-comum, a que mais procura as praias do arquipélago para a desova e reprodução, indica-se.

-0– PANA CS/DD 29maio2013