140 mil ninhos de desovas de tartarugas marinhas identificados numa das praia de Cabo Verde
Praia, Cabo Verde (PANA) – Cabo Verde já identificou, no decurso deste ano, cerca de 140 mil ninhos de desovas de tartarugas marinhas, no âmbito da campanha de preservação da espécie “Caretta caretta”, uma das mais ameaçadas de extinção no mundo, anunciou quarta-feira o ministro cabo-verdiano da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva.
O governante fez este anúncio quando visitava a praia de São Francisco, no município da Praia, onde foi construído um viveiro para a translocação de ninhos em risco.
A visita tem como objetivo assinalar o empenho do Governo na proteção desta espécie marinha cuja população em Cabo Verde é a terceira maior do mundo, depois das de Florida (Estados Unidos) e do Omã, no Golfo Pérsico.
O governante considerou “boa” a campanha que se está a realizar, revelando que o Governo tem gasto anualmente cerca de sete mil contos (cerca de 63,63 mil euros) para apoiar Organizações Não Governamentais (ONG) que se dedicam à preservação das tartarugas.
Gilberto Silva fez saber ainda que, nos próximos anos, o Executivo vai “reforçar a verba destinada” a apoiar ONG, além de definir um quadro muito claro” sobre como deve acontecer a parceria com estas entidades não-governamentais.
“O mais importante da nossa visita (à praia de São Francisco) é ajudar a sensibilizar a população cabo-verdiana à causa da preservação das tartarugas marinhas”, indicou.
Acrescentou que Cabo Verde figura entre os países do mundo considerados “paraísos da desova das tartarugas marinhas.”
Segundo ele, este facto tem uma “enorme importância” não só do ponto de vista ecológico na preservação da espécie, mas também no tocante à promoção de Cabo Verde para ser mais visitado por ecoturistas e, consequentemente, ao próprio desenvolvimento do país.
Na perspetiva do ministro, as tartarugas constituem “muito mais-valia”, enquanto atração turística do que como alimentos para as pessoas.
Assim, lançou um apelo no sentido de as pessoas evitarem “caçar e consumir” a carne de tartarugas marinhas.
“É preciso preservarmos esta e outras espécies na nossa natureza”, exortou.
Instado a se pronunciar sobre informações segundo as quais a pandemia da covid-19 tem facilitado a apanha das tartarugas durante a desova, disse “lamentar a situação”.
“Com a redução da monitorização, acreditamos que alguém terá aproveitado para fazer a caça ilegal das tartarugas”, reconheceu Gilberto Silva, convidando a população a denunciar situações de consumo da carne e de ovos deste animal marinho.
Segundo ele, o Governo deseja que o arquipélago seja transformado num país que não consome as tartarugas e as conserva para “o bem da humanidade.”
No entanto, quando interrogado se as atuais penas para os infratores que violam a legislação em vigor, que proíbe e penaliza a captura e o consumo da carne das tartarugas, Gilberto Lima disse estar a favor dum “trabalho de sensibilização” junto das pessoas, até que um dia a defesa das tartarugas passe a ser uma pratica enraizada na cultura das populações.
De acordo com estudos científicos, as praias de areia das ilhas cabo-verdianas são o segundo local no Atlântico Norte para as posturas da tartaruga comum, e um dos mais importantes a nível mundial.
Por isso, prosseguiu, Cabo Verde tem uma tarefa muito especial para cumprir, no sentido de assegurar a sobrevivência desta espécie de tartarugas marinhas, tanto nas suas águas costeiras, como nas praias de areia.
“Se o conseguir, cumpre um dos seus deveres mais importantes no domínio da biodiversidade do planeta”, enfatizou o ministro.
No entanto, nos últimos anos, os voluntários que se dedicam às campanhas da preservação da espécie, contabilizaram centenas de carcaças deste animal, encontradas nas praias do país durante a época da desova, que ocorre nos períodos mais quentes do ano, precisamente em junho e setembro.
-0- PANA CS/DD 09set2020