Agência Panafricana de Notícias

11 membros de seita cristã condenados à prisão em Angola por agredir polícias

Luanda, Angola (PANA) - A Justiça angolana na província central do Bié condenou, terça-feira, a penas que vão até dois anos de prisão correcional efetiva, 11 membros da seita cristã do "Sétimo Dia a Luz do Mundo" que teriam desarmado e agredido agentes da Polícia em Cunhinga, a cerca de 30 quilómetros norte da capital provincial, Cuito.

Na leitura da sentença, o juiz do Tribunal Provincial do Bié indicou que os réus foram condenados pelo "crime de desobediência", nos termos do artigo 186 do Código Penal angolano, que pune o uso da violência ou ameaça contra o exercício da autoridade pública.

Os condenados, apontados como seguidores do pastor José Julino Kalupeteka, líder da seita em causa atualmente sob detenção preventiva, segundo a Polícia, foram detidos após terem alegadamente desarmado e espancado, segunda-feira passada, 13, uma dezena de membros das forças da ordem que "tentavam impedir que os fiéis da seita vendessem os seus bens".

De acordo com as autoridades administrativas locais, os fiéis da seita "foram orientados pelos seus dirigentes a venderem todos seus bens e destruir as suas residências, uma vez que o fim do Mundo será este ano (31 de dezembro”.

“A Polícia foi ao local onde funcionava a seita no sentido de repor a ordem e, surpreendentemente, foram desarmados e espancados pelos membros desta seita”, disseram as mesmas fontes.

Após este incidente, a Procuradoria Geral da República na província do Bié emitiu um mandado de captura contra José Kalupeteca, na qualidade de líder da seita, que se encontrava "em retiro", na companhia de alguns fiéis, à Serra do Sumé, a 25 quilómetros da sede municipal da Caála, na vizinha província do Huambo, também no centro do país.

A tentativa das forças da ordem de executar este mandado de captura custou a vida a nove elementos da Polícia Nacional no Huambo, incluindo três oficiais, cujos restos mortais foram a enterrar segunda e terça-feiras na cidade do Huambo e na capital do país, Luanda.

Este último incidente, ocorrido quinta-feira passada na Serra do Sumé, em Caála, a cerca de 50 quilómetros a sul da cidade do Huambo, sede da província do mesmo nome, fez intensificar os esforços de busca que conduziram à captura de José Kalupeteka, 52 anos.

A sua detenção teve lugar no mesmo dia, quando o líder e fundador da seita do Sétimo Dia a Luz do Mundo, vulgarmente conhecida por seita "Kalupeteca", tentava abandonar a província do Huambo juntamente com o seu filho e outros crentes, segundo fontes do Comando Provincial da Polícia Nacional no Huambo.

Entre as vítimas da tragédia da Serra do Sumé figuram o comandante da Polícia Nacional no município da Caála, superintende-chefe Evaristo Catumbela; o chefe das Operações da Polícia de Intervenção Rápida (PIR) na província, intendente Luhengue Joaquim José, e o instrutor da Polícia de Intervenção Rápida, sub-inspetor Abel do Carmo.

Segundo alguns testemunhos citados pela imprensa local, a intenção do comandante Evaristo Catumbela e sua equipa era convencer José Kalupeteca a entregar-se às autoridades judiciais, em face do mandado de captura que sobre ele impendia.

A conversa teria durado menos de 20 minutos sem resultados satisfatórios. Não se sabe ao certo o que teria dito o comandante Catumbela a José Kalupeteca para que aquele fosse violentamente agredido, juntamente com a sua escolta, pelos guarda-costas do líder da seita.

Diante dessa agressão, os restantes elementos da caravana policial ter-se-iam dirigido de imediato à montanha a fim de socorrer o seu chefe, e "foram surpreendidos com disparos à queima-roupa efetuados pelos crentes da seita que se encontravam entrincheirados".

A troca de tiros que se seguiu resultou na morte de várias pessoas e no ferimento de tantas outras, nos dois lados, incluindo os elementos das forças da ordem que foram na sua maioria "mortos com tiros na cabeça", antes de um grupo de membros da Kalupeteka pôr-se em fuga juntamente com o seu líder, referem os mesmos testemunhos.

As autoridades policiais ainda não se pronunciaram sobre o número aproximado ou exato das vítimas feitas entre os fiéis da seita durante a troca de tiros.

-0- PANA IZ 22abril2015