África do Sul nega deter fundos do ex-líder líbio Kadafi
Cidade do Cabo, África do Sul (PANA) – O Governo sul-africano só abrirá um inquérito sobre alegações de que o ex-líder líbio, Muamar Kadafi, terá quase 40 milhões de dólares americanos temporariamente depositados na residência privada do ex-Presidente sul-africano, Jacob Zuma (de 2009 a 2018), se o Governo líbio formular um pedido neste sentido, indica um comunicado oficial do Governo sul-africano.
Estas declarações da ministra sul-africana da Cooperação e Relações Internacionais, Lindiwe Sisulu, seguem-se a informações postas a circular no fim de semana último pela imprensa e segundo as quais estes fundos terão sido transferidos em cinco partes da residência de Zuma para o Swatini (ex-Swazilândia), no início do ano de 2019, para serem guardados num local mais seguro.
No entanto, a ministra sul-africana da Cooperação e Relações Internacionais, Lindiwe Sisulu, declarou segunda-feira que o seu pelouro está ao corrente destas alegações que ela qualificou de “história absurda”.
"É uma história que circula há vários anos. Não há dinheiro na Swazilândia. Não Há dinheiro ao nosso entender. Se os Líbios nós apresentarem um pedido para que se faça um inquérito sobre este caso, nós estaremos dispostos a fazê-lo”, garantiu a governante sul-africana.
Durante um encontro com o Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, no mesmo fim de semana em Joanesurgo, segunda cidade sul-africana, o rei Mswati III, do Eswatini, terá evocado o assunto mas este último ter-se-á recusado a quaisquer comentários.
Porém, a Aliança Democrática (DA), o partido da oposição oficial sul-africano, exortou o Presidente Ramaphosa a assumir o controlo deste caso e fazer com que a Procuradoria Geral da República responsabilize Zuma pelas suas ações”.
"É totalmente inaceitável que Zuma continue livre depois de ajudar o antigo ditador norte-africano (Kadafi). A procuradoria Geral deve agir com rapidez para verificar a sua exatidão”, desabafou Solly Malatsi, um responsável da DA.
A África do Sul e a Líbia mantiveram relações estreitas durante vários anos.
Em 1999, o ex-Presidente sul-africano, Nelson Mandela (de 1994 a 1999), realizou uma proeza diplomática, quando persuadiu Kadafi a entregar à Grã-Bretanha dois agentes dos Serviços Secretos líbios, suspeitos de ter a ver com o ataque de Lockerbie.
O atentado de Lockerbie foi um ataque terrorista ao voo 103 da Pan Am, a 21 de dezembro de 1988.
O avião Boeing 747-121 partira do Aeroporto de Londres-Heathrow, em Londres (Grã-Bretanha) com destino a Nova Iorque (Estados Unidos), e explodiu no ar, logo depois, acima da cidade escocesa de Lockerbie, matando 270 pessoas de 21 nacionalidades.
O coronel Muamar Kadafi foi derrubado em agosto de 2011, depois de 42 anos de poder ditatorial, por uma revolução popular que eclodira seis meses antes.
Será então detido e assassinado a 20 de outubro do mesmo ano, durante uma batalha em Sirtes (centro líbio).
-0- PANA CU/AR/NFB/JSG/FK/DD 9abril2019