África enfrenta crise de insegurança alimentar aguda, diz diplomata angolana
Roma, Itália (PANA) - Mais de 700 milhões de pessoas em África enfrentaram uma fome crónica em 2024, e a insegurança alimentar aguda esta a aumentar para 295 milhões de outras no continente africano, alertou, em Roma, a embaixadora de Angola, Josefa Correia Sacko.
A diplomata angolana deu este alerta esta quinta-feira, quando intervia num encontro sobre o panorama atual da segurança alimentar global, presidido por Jean-Martin Bauer, diretor do Serviço de Análise do Programa Alimentar Mundial (PAM) das Nações Unidas na capital italiana.
Esta crise não está distribuída de forma igualitária, e a sua gravidade é sentida mais profundamente em todas as nações africanas, tendo estas estatísticas representado uma ameaça crítica à estabilidade e ao desenvolvimento do continente, segundo Josefa Sacko.
“Devemos sublinhar que mais de 20 por cento da população africana continua a lutar contra a fome, e dois terços não têm condições financeiras para uma alimentação saudável, ultrapassando em muito a média global”, assegurou a embaixadora.
A também representante permanente de Angola junto das Agências das Nações Unidas em Roma assegurou que a situação é agravada pelos conflitos, pela intensificação dos extremos climáticos e por choques económicos devastadores que corroem o poder de compra através dos preços elevados dos alimentos e fertilizantes.
“Com esta andar da situação que o continente enfrenta, fruto dos fatores endógenos e exógenos, estamos tragicamente fora do caminho para cumprirmos o objetivo de desenvolvimento sustentável de 2030 de acabar com a fome”, lamentou.
De acordo com a diplomata, seria ideal para se abordar esta questão de forma eficaz e se oferecer uma solução tangível e positiva, numa ação coordenada centrada na resiliência de todo o sistema, com um estudo profundo e o apoio da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), que reflitam os indicadores e variantes das causas produndas a fim de que o continente possa sair desta crise constante.
Salientou que a solução requer medidas fiscais imediatas e direcionadas, juntamente com a implementação, em maior escala, de programas de proteção social, particularmente transferências de renda e merenda escolar, para proteger imediatamente as famílias mais vulneráveis.
Fundamentalmente, acrescentou, isso deve ser acompanhado de investimentos significativos e sustentados em sistemas agroalimentares resilientes, que possam resistir tanto à variabilidade climática quanto aos choques económicos.
Josefa Sacko , que conta com uma experiência de dois mandatos de oito anos como comissária da União Africana para a Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Ambiente Sustentável, frisou que esta abordagem dupla de proteção urgente e investimento sistémico de longo prazo é o único caminho que pode deter a crescente onda de fome e garantir um futuro de soberania alimentar para todas as nações africanas.
-0- PANA JA/DD 18dez2025

