África considera Fórum Global Gateway "plataforma essencial para parceria" com Europa

Luanda, Angola (PANA) - O Presidente da União Africana (UA) e Presidente de Angola, João Lourenço, considerou a II 2.ª edição do Fórum Global Gateway, “uma plataforma essencial para falarmos de parcerias que respondam aos desafios e às necessidades do desenvolvimento sustentável”, soube a PANA de fonte oficial.

Discursando esta quinta-feira, por esta ocasião, em Bruxelas (Bélgica), João Lourenço considerou o encontro “um marco histórico” nas relações entre a UA e a União Europeia (UE), “por estarmos a celebrar o 25.º aniversário da nossa Parceria Estratégica, num momento em que a comunidade internacional enfrenta desafios e tensões geopolíticas crescentes.”

Disse que ambas as partes fizeram um percurso comum que dura há 25 anos.

Por isso, prosseguiu, “considero que estamos num momento de maturidade nas nossas relações, impondo-se a necessidade de assumirmos um renovado compromisso de tornar esta parceria numa força motriz capaz de moldar um futuro partilhado.”

Na sua ótica, cabe às duas partes agirem conjuntamente no sentido de procurarem aperfeiçoar os seus modelos de cooperação, consolidar os mecanismos de solidariedade e aprofundar os laços entre os seus povos, as suas economias e as suas instituições, na base dos valores fundamentais que sustentam a sua visão partilhada para 2030, assentes no respeito, na equidade, sustentabilidade e unidade.

Disse olhar para este fórum como uma renovada oportunidade para se abordar questões que promovam a construção de pontes, que levem as duas partes aos melhores caminhos para partilharem responsabilidades e transformarem desafios em novas perspetivas, neste mundo de interdependência, em que a conetividade já não se limita apenas a infraestruturas físicas, mas também a um conjunto de fatores, nomeadamente a segurança energética, a segurança alimentar, a transição digital, a integração económica, a inclusão social e a resiliência climática.

A parceria entre a UA e a UE, no quadro do Global Gateway, tem um imenso potencial e representa, no entender de África, um instrumento fundamental para transformar oportunidades em resultados concretos, na base de uma cooperação reforçada da confiança mútua e na de uma visão estratégica que lhe permita alcançar os objetivos delineados em comum.

“Em África, traçámos a meta da industrialização e estamos fortemente empenhados em alcançar este objetivo, desenvolvendo capacidades que podem impulsionar a transformação local dos recursos, com vista a procurarmos criar empregos dignos para a juventude africana, agregar um conteúdo tecnológico aos produtos e, desta forma, mitigarmos os fluxos migratórios para a Europa, forçados por escassez de emprego e falta de alguma perspetiva dos jovens”, argumentou.

Indicou que o continente está “profundamente” ciente de que é fundamental acrescentar mais-valias às suas matérias-primas, tornando-as mais competitivas nos mercados internacionais, de que resultariam mais recursos financeiros para investir nas suas economias, que se encontram numa fase de redinamização no quadro da Zona de Comércio Livre Continental e no da construção de infraestruturas para o seu desenvolvimento.

É em função desta visão que, frisou o estadista angolano, a UA realizará em Luanda (capital angolana), no decurso deste mês de outubro, uma cimeira sobre o financiamento para o desenvolvimento das infraestruturas em África, sob o lema “Capital, Corredores, Comércio: Investir em Infraestruturas para a Zona de Comércio Livre Continental Africana e a Prosperidade Partilhada”.

“Falo deste tema aqui por considerar estar no local e momento apropriados para mobilizar sensibilidades, interesses e capital financeiro, que poderiam ser canalizados para os objetivos que referi, por via dos mecanismos europeus de apoio ao desenvolvimento e pelos canais do setor privado e empresarial da Europa aqui representado”, anunciou.

Garantiu à UE que terá certamente benefícios importantes, se se associarem a África na concretização deste grande sonho africano que começa a tornar-se numa realidade com a execução de projetos de edificação de portos, caminhos de ferro, estradas, aeroportos, barragens hidroelétricas, parques de painéis fotovoltaicos e outras importantes infraestruturas.

“Durante a conferência, teremos a oportunidade de apresentar aos nossos parceiros internacionais um vasto painel de prioridades de investimento no continente africano, já projetados no Programa para o Desenvolvimento de Infraestruturas em África (PIDA)”, assegurou.

Disse crer tratar-se de uma grande oportunidade para "procurarmos alinhar as prioridades africanas com os instrumentos de cooperação já em curso, muito especialmente o Global Gateway, que oferece perspetivas concretas de parceria e de criação conjunta de iniciativas, refletidas no Africa-Europe Investment Package (Pacote de Investimento entre África e Europa), cuja implementação levará à ampliação e consolidação de resultados decorrentes da ação comum.

A cooperação estratégica entre a UE e a UA sobre projetos estruturantes reforçou-se na sequência da 3.ª Reunião Ministerial entre as duas partes, realizada em maio de 2025, deu a conhecer.

Nessa ocasião, avançou João Lourenço, foram reconhecidos os progressos já alcançados e foi dado realce ao impacto transformador de iniciativas comuns, de que destacou o Mercado Único Africano de Eletricidade, o Plano Diretor dos Sistemas de Energia Continental, a Estratégia Africana de Eficiência Energética, o Mecanismo de Mitigação de Risco Geotérmico e o Programa de Desenvolvimento de Infraestruturas em África (PIDA).

Foi lançado um número considerável de projetos estruturantes em África, o que evidencia o grande dinamismo de que se reveste a cooperação entre os dois parceiros, indicou.

Segundo o chefe do Estado angolano, esta cooperação vai para além das infraestruturas em si mesmas, cobrindo o reforço de capacidades, a formação técnica e a modernização regulatória, compondo assim um conjunto de fatores essenciais para garantir benefícios duradouros para as populações.

-0- PANA JA/DD 9out2025