Exército maliano e grupos armados acusados de matanças no Mali
Bamako, Mali (PANA) - A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) acusou terça-feira o Exército maliano e grupos islâmicos armados de terem matado pelo menos 107 civis no centro e sudoeste do Mali desde dezembro de 2021.
"As vítimas, a maioria das quais foram executadas sumariamente, incluem lojistas, chefes de aldeias, líderes religiosos e crianças", segundo a organização de direitos humanos num relatório.
No seu relatório, a ONG denunciou "uma nova onda de execuções de civis" de que o exército maliano e grupos islâmicos armados são supostamente culpados.
De acordo com a Human Rights Watch, o Governo de transição do Mali deve conduzir investigações fiáveis e imparciais sobre esses supostos assassinatos, dos quais pelo menos 71 implicam membros das forças do Governo e 36 implicam membros de grupos islâmicos armados.
Para a organização de direitos humanos, as duas partes devem acabar com os abusos e garantir o respeito às leis de guerra, que se aplicam ao conflito armado no Mali.
Além disso, de acordo com o relatório, de janeiro a março de 2022, a Human Rights Watch, que monitora a situação no Mali desde 2012, conversou pessoalmente e por telefone com 49 pessoas que tinham conhecimento de oito incidentes, incluindo líderes comunitários, comerciantes, pessoas do mercado, pessoal médico e diplomatas estrangeiros.
Estes incidentes ocorreram entre 03 de dezembro de 2021 e início de março de 2022 nas cidades, aldeias ou aldeias de Boudjiguiré, Danguèrè Wtoro, Feto, Nia Ouro, Petaka, Songho, Tonou e Wouro Gnaga, nas regiões malianas de Ségou, Mopti e Koulikoro, ou próximo a esses lugares.
O relatório diz que combatentes islâmicos dispararam contra um autocarro que levava comerciantes a um mercado em Bandiagara, no início de dezembro de 2021, matando 32 civis, incluindo pelo menos seis crianças. Muitas vítimas foram queimadas até a morte depois de incendiar o autocarro.
Acrescentam-se nisso outros supostos abusos revelados pela organização de direitos humanos que pediu às autoridades malianas que facilitem a condução de investigações independentes pela Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH) e pela força de paz da Missão das Nações Unidas no Mali (MINUSMA).
A Human Rights Watch enviou as conclusões do seu relatório ao governo do Mali em 04 de março e afirma ter recebido uma resposta, a 11 de março, afirmando que a Gendarmaria havia aberto investigações sobre dois dos incidentes nos quais o Exército maliano está envolvido.
-0- PANA GT/JSG/MAR/IZ 16março2022