Governo cabo-verdiano retoma atividade da companhia aérea nacional
Praia, Cabo Verde (PANA) - O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, garantiu quarta-feira, no Parlamento, na cidade da Praia, que a TACV, companhia aérea de bandeira cabo-verdiana, vai voltar a operar, em dezembro deste ano.
O chefe do Governo cabo-verdiano respondia às dúvidas levantadas pelos deputados da oposição sobre o futuro da companhia e as dívidas acumuladas durante a gestão anterior.
A TACV não opera voos comerciais, desde março de 2020, devido às restrições para combater a pandemia da covid-19.
O primeiro-ministro disse estar convencido que, se tudo correr bem, como está a prever, a TACV começará a operar ainda durante o mês de dezembro deste ano.
No que se refere às dívidas acumuladas durante a gestão anterior, a cargo do grupo Icelandair, que liderava a empresa quando da sua renacionalização em julho passado, Ulisses Correia e Silva admitiu que o Estado assume as suas responsabilidades relativamente à companhia de bandeira e à sua reestruturação.
Em março de 2019, o Estado de Cabo Verde vendeu 51 por cento da TACV por 1,3 milhão de euros à Lofleidir Cabo Verde, empresa detida em 70 por cento pela Loftleidir Icelandic EHF (grupo Icelandair, que ficou com 36% da Cabo Verde Airlines, nome comercial da companhia) e em 30 por cento por empresários islandeses com experiência no setor da aviação (com os restantes 15% da quota de 51% privatizada).
A companhia, em que o Estado cabo-verdiano mantinha uma posição de 39 por cento (além de 10% a trabalhadores e emigrantes), concentrou então a atividade nos voos internacionais a partir do 'hub' do Sal, deixando os voos domésticos.
Devido aos efeitos da pandemia da covid-19, foi assinado um novo acordo entre o Estado e a Loftleidir, em março de 2021, para viabilizar a empresa (envolvendo desde novembro a emissão de avales do Estado a cerca de 20 milhões de euros de empréstimos para pagamentos de salários e outras despesas urgentes), o qual previa também a cedência de ambas a partes em diferentes matérias.
"Posteriormente ao acordo de resolução, foram identificados factos na governação dos TACV e no relacionamento da Loftleidir Cabo Verde e partes interessadas com os TACV que podem contribuir para a insustentabilidade da continuidade do acordo.
Existe um risco sério, real e significativo de a Loftleidir Cabo Verde não cumprir com a sua proposta de investimento de capital nos TACV, assinala o decreto-lei do Governo para justificar a reversão de privatização da companhia, com o Estado cabo-verdiano a voltar a assumir, em 06 de julho, a posição maioritária na empresa (51%).
Entretanto, a administração islandesa da CVA anunciou, em junho, a suspensão de vendas e do plano de retomada de voos face à então intenção anunciada de renacionalização da companhia pelo Governo e pedido de arresto de um Boeing da companhia, fornecido em regime de 'leasing' pela Loftleidir Icelandic EHF, por parte do Estado, perante alegadas dívidas à empresa estatal ASA, que gere os aeroportos do arquipélago.
-0- PANA CS/IZ 25nov2021