Cabo Verde inicia certificação de eliminação de transmissão do VIH-Sida de mãe para filho
Praia, Cabo Verde (PANA) – O Governo de Cabo Verde já nomeou uma comissão nacional, vai ter a missão de preparar a certificação do país como tendo eliminado a transmissão do VIH-Sida de mãe para filho, apurou a PANA de fonte segura.
A estrutura será integrada por vários especialistas e representantes de organizações sociais e da saúde, liderados por um diretor nacional de Saúde, segundo a mesma fonte.
A resolução governamental que cria a Comissão Nacional de Validação (CNV) sublinha que Cabo Verde colocou em prática, de 2017 a 2020, um plano estratégico de referência na luta conta o Vírus da Imunodeficiência Humana -- Síndroma de Imunodeficiência Adquirida (VIH-Sida), que permitiu a redução da transmissão vertical "para menos de três por cento", além da "melhoria da qualidade de vida" das pessoas que vivem com a doença.
Já o novo plano estratégico em preparação, para o período de 2021 a 2025, "deverá permitir que 98 por cento das pessoas, que vivem com VIH e das pessoas em risco, sejam assistidas por serviços de saúde integrados", com o objetivo, entre outros, de "eliminação da transmissão mãe-filho" da doença.
Para tal, é apontada a necessidade de garantir o acesso precoce a cuidados pré-natais, teste de rastreio da infeção VIH e sífilis "a todas as mulheres grávidas e seus parceiros", bem como tratamento às mulheres que testarem positivo e para os filhos.
"Nestes termos, a criação de uma comissão, de carácter nacional e multidisciplinar constitui "uma condição sine qua non" para o início das atividades com vista à validação da eliminação da transmissão mãe-filho do VIH e Sífilis congénita no país", lê-se na resolução que cria a CNV, que integra também o representante permanente em Cabo Verde da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Esta certificação só será obtida após avaliação independente da OMS, que deverá avançar no primeiro trimestre deste ano, analisando um conjunto de critérios como direitos humanos, legislação, processo do nascimento de cada criança, cuidados de saúde ou maternidades.
Cabo Verde tem uma prevalência de 0,6 por cento do VIH-Sida, regista entre 400 e 500 novos casos por ano, conforme dados relevados em dezembro pela secretária-executiva do Comité de Coordenação do Combate à SIDA (CCSSIDA) em Cabo Verde, Maria Celina Ferreira.
Segundo a responsável, o país tem neste momento uma prevalência de 0,6 por cento do VIH-Sida na população em geral, que aumenta ligeiramente para 0,7 por cento nas mulheres, enquanto nos jovens (15 a 25 anos), a taxa é nula.
Celina Ferreira avançou que, por ano, o país diagnostica entre 400 e 500 novos casos de VIH, com maior incidência nas ilhas de Santiago, São Vicente, Sal e Fogo, estando concentrados igualmente em certas populações vulneráveis, como profissionais do sexo ou consumidores de drogas.
Nesses casos novos, a responsável referiu que uma média de 15 por cento é diagnosticado, como sida, o que preocupa o comité, já que resulta de um diagnóstico tardio.
A secretária-executiva avançou ainda que, em Cabo Verde, 81 por cento das pessoas que vivem com o VIH já conhecem o seu seroestatuto e destas 73 por cento estão sob o tratamento antirretroviral e destes 41 por cento tem carga viral suprimida.
-0- PANA CS/DD 21jan2021