África considera muito lentos seus progressos na agricultura
Kampala, Uganda (PANA) - Os progressos de desenvolvimento da agricultura em África têm sido mais lentos do que o previsto devido as perturbações económicas mundiais, considerou a comissária da União Africana (UA), Josefa Correia Sacko.
A diplomata angolana, encarregue da Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Ambiente Sustentável, teceu estas considerações em Kampala, no Uganda, num workshop de validação pós-Malabo da estratégia e plano de ação decenais (2026-2035) para o Programa Integrado de Desenvolvimento da Agricultura em África (CAADP).
Assegurou, nesse encontro decorrido de 19 a 23 de agosto último, que, para além disso, imensos desafios, como alterações climáticas e pandemias, como a covid-19, tiveram uma influencia negativa no progresso do prgrama agricola no continente.
“Como é do conhecimento de muitos de vós, após a declaração de Maputo em 2003, o nosso programa, o desenvolvimento da agricultura em África, tornou-se numa iniciativa emblemática da Agenda 2063 e no quadro central para catalisar a transformação agrícola em África”, enfatizou.
Josefa Sacko acrescentou, nessa ocasião, que, mesmo assim, se verificou, durante os 20 anos de implementação do CAADP, um aumento do Produto Interno bruto (PIB) de África, rendimentos médios, produção e produtividade agrícolas, do comércio e dos investimentos agrícolas, bem como uma redução significativa da fome e da pobreza.
Fez saber que, desde o ano de 2000, África Subsariana alcançou a taxa de crescimento agrícola mais elevada do que qualquer outra região (cerca de 4,3 por cento).
Sublinhou, no entanto, que nenhum país conseguiu cumprir com os sete compromissos do programa integraddo de desenvolvimento da agricultura de África.
“Os nossos Estados-membros estão longe de cumprir com os sete compromissos de Malabo, como mostra o nosso quarto relatório de revisão bienal. Esta situação exige intervenções robustas para ajudar os Estados membros a construírem um setor agrícola resiliente no meio de uma crise alimentar mundial”, ressaltou a comissária da UA.
O principal objetivo do CAADP foi de aumentar a segurança alimentar e a nutrição, reduzir a pobreza rural, criar emprego e contribuir para o desenvolvimento económico, protegendo simultaneamente o ambiente.
Também visava uma taxa de crescimento anual de seis por cento no setor, com os Estados membros da União Africana a consagrarem pelo menos 10 por cento dos seus orçamentos à agricultura.
“A agenda CAADP pós-Malabo representa um momento crucial para a reformulação das prioridades de África. Ao mesmo tempo que se baseia nos atuais pontos fortes do CAADP, este adaptar-se-á estrategicamente para fazer face aos desafios emergentes e alinhar-se com as tendências globais”, reforçou.
Este programa integrado para o desenvolvimento da agricultura em África pós-Malabo assenta na necessidade de enfrentar os desafios persistentes, as tarefas inacabadas na consecução dos objetivos da declaração de Malabo, a adaptação ao contexto global em mutação, o alinhamento com a Agenda 2063 e o aproveitamento de novas oportunidades para a transformação da agricultura e o crescimento inclusivo.
A par disso, Josefa Sacko manteve um encontro com o Presidente do Uganda, Yoweri Kaguta Museveni, a quem informou sobre os preparativos duma Cimeira Extraordinária da UA prevista para janeiro de 2025, em Kampala, consagrada à analisse do programa de desenvolvimento agrícola de África para os próximos 10 anos.
-0- PANA JF/DD 4setembro2024