UA quer reforço de 11 % de sua quota global de produção de café
Addis Abeba (Etiopia) - O continente africano deve reforçar, na ordem de 11 por cento, a sua quota global na produção do café para constituir um produto a fim de agregar riqueza para os africanos, declarou uma comissária da União Africana (UA), Josefa Correia Sacko.
A comissária da UA para a Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Ambiente Sustentável fez este pronunciamento esta quarta-feira em Addis Abeba (Etiopia) quando intervinha durante a 63.ª Assembleia Anual da Organização Interafricana do Café (OIAC) sob o lema "Transformando o setor cafeeiro africano através da agregação de valor."
Nesta ocasião, a diplomata angolana disse que a Comissão da União Africana (CUA) está a trabalhar arduamente para concretizar a Declaração de Nairobi (Quénia) dos Estados membros da OIAC para ancorar o café como um produto de base estratégico.
“No âmbito da União Africana e da OIAC, como sua agência especializada, espera-se que a proposta seja apresentada aos chefes de Estado e de Governo na Cimeira da UA agendada para 17 a 18 de fevereiro corrente”, reforçou.
Para o efeito, Josefa Sacko considerou "importante" que a OIAC deva desenvolver uma estratégia de valor acrescentado a ser aprovada pela União Africana e pela Zona de Comércio Livre Continental Africana(ZCLCA) para a implementação e aplicação em África e a criação de um ecossistema de produção de café de todas as variedades produzidas.
Com carácter de urgência, frisou que a à OIAC deve conceber mecanismos para ajudar pequenos agricultores incapazes de processar os seus dados de geolocalização a lidar com as consequências pouco claras da nova "lei anti-desflorestação" da União Europeia (UE).
“Em 2023, a UE estabeleceu a lei anti-desflorestação, conhecida como EUDR, que exige das empresas recolham as coordenadas geográficas das terras onde os produtos são produzidos, utilizando aplicações móveis e ferramentas informáticas. A Etiópia está atualmente a fazer muito neste domínio”, acrescentou a comissária.
Por outro lado, ela disse que a ZCLCA constitui um momento oportuno para se renovar o setor do café em África, incluindo a transformação e o consumo interno, visto que, frisou, se trata de um fator de mudança global para África.
A seu ver, a ZCLCA constitui igualmente uma das maiores zonas de comércio livre internacional do mundo, abrangendo pelo menos 55 Estados-Membros e um mercado de 1.400.000 consumidores com um rendimento combinado de 2.500.000 dólares americanos.
“ Mas, para podermos tirar partido da ZCLCA. Temos primeiro de enfrentar uma miríade de desafios, entre os quais a volatilidade dos preços, as alterações climáticas, os elevados custos de produção e a garantia de que os agricultores africanos possam colher mais benefícios do seu trabalho”, defendeu a agroeconomista que já esteve durante 13 anos à frente da OIAC.
Deste modo, prosseguiu, a OIAC deve aproveitar os beneficios do Programa de Parques Agrícolas Comuns Africanos (CAAP, sigla em inglês), que consistem em zonas agroindustriais comuns que serão estabelecidas para produtos selecionados uma em cada uma das cinco regiões geográficas de África para servir como grandes centros de desenvolvimento agrícola com mega-agroindústrias transfronteiriças e corredores de abastecimento alimentar no continente.
-0- PANA JF/DD 8fev2024