Agência Panafricana de Notícias

França acusada de esconder caixa negra do avião do ex-Presidente ruandês

Kigali- Ruanda (PANA) -- O Comité Independente de Peritos Ruandeses encarregue de esclarecer o atentado contra o avião do ex-Presidente ruandês Habyrimana em 1994 acusou França de "esconder" a caixa negra deste avião presidencial cujo acidente é considerado como o elemento que desencadeou o genocídio dos Tutsis tribo minoritária no Ruanda) no mesmo ano.
Esta acusação consta de um relatrório deste Comité divulgado segunda-feira em Kigali.
"Os peritos da balística mostraram efectivamente que o míssil que abateu a ala direita do avião presidencial foi lançado do campo militar de Kanombe situado na proximidade do aeroporto de Kigali", frisou o responsável ruandês defendendo que os então membros influentes do Hutu Power no Ruanda são responsáveis pela morte de Habyrimana.
Falando segunda-feira em Kigali durante a apresentação oficial deste relatório, o ministro ruandês da Justiça, Tharcisse Karugarama, declarou, do seu lado que os resultados deste inquérito demonstram que o assassinato de Habyrimana é um acto "premeditado e executado" pelos próximos colaboradores do ex-Presidente ruandês.
"Este relatório é uma compilação de testemunhos que esclarecem este atentado (contra o avião presidencial) (.
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) É para mostrar que este atentado não tem nada a ver com o desencadeamento do genocídio", declarou Karugarama afirmando que este relatório é uma colecção dos testemunhos recolhidos junto das diversas "testemunhas oculares" que viram este atentado.
Interrogado pela impensa sobre o lugar onde estaria a caixa negra do avião de Habyrimana, o presidente desta comissão ruandesa Jean Mutsinzi afirmou que os autores deste atentado são "os primeiros a saber" onde está escondida esta peça do avião presidencial ruandês.
"Há evidência que o míssil que abateu o avião presidencial na proximidade do aeroporto de Kigali foi lançado a partir do vizinho campo militar de Kanombe", declarou Mutsinzi defendendo que na altura o Exército francês garantia treinos para combatentes das ex-Forças Armadas Ruandesas (ex-FAR).
Segundo ele, os testemunhos recolhidos (neste inquérito) provam que as ex- Forças Armadas Ruandesas e as tropas francesas cercaram imediatamente o local do despenhamento para "impedir" outras pessoas de ter acesso a este lugar.
"Todos os testemunhos (contidos neste relatório) estão baseados nas pesquisas científicas realizadas junto de pessoas e de outros peritos que viveram durante este período", declarou Mutsinzi defendendo que apenas o Exército francês e a guarda presidencial de Habyrimana podem "revelar" o lugar onde está a caixa negra deste avião 50.
"Por sua vez, a ministra ruandesa dos Negócisos Estrangeiros e Cooperação Regional, Louise Mushikiwabo, desafiou qualquer pessoa a contrariar os testemunhos contidos neste relatório.
Entre as testemunhas interrogadas durante este inquérito, figuram nomeadamente ex-membros da guarda presidencial de Habyrimana, oficiais das ex-FAR, agentes do aeroporto internacional de Kigali bem como peritos estrangeiros que viviam no Ruanda aquando do atentado, segundo a mesma fonte.
Esta publicação ruandesa foi divulgada enquanto, em Novembro de 2006, o juiz anti-terrorista francês Jean-Louis Bruguière emitiu mandados de captura internacionais contra nove personalidades ruandesas no quadro de um outro inquérito sobre o atentado contra o avião presidencial ruandês.