PANAPRESS
Agência Panafricana de Notícias
Cooperação árabe "resgata" Cotonou do mar
Cotonou- Benin (PANA) -- A capital económica do Benin, Cotonou, ameaçada há alguns anos por um preocupante avanço do mar, será em breve salva das águas pelo Projeto de Proteção das Costas Leste de Cotonou, fortemente financiado pela cooperação árabe.
No leste da cidade, a subida do nível do mar causou enormes estragos materiais, nomeadamente a destruição de várias casas bem como de hotéis e outras infraestruturas comerciais, estradas e colheitas.
"Se nada for feito de imediato, é toda a metrópole beninense que será engolida pelo mar que avança cada dia", constatam cada vez mais os especialistas.
Diante deste desastre iminente, as autoridades beninenses fizeram da luta contra a erosão costeira uma prioridade nacional e estão a trabalhar para encontrar uma solução a este fenómeno que destrói infraestruturas económicas e faz perder ao país centenas de milhões de dólares americanos.
Foi assim criado o Projeto de Proteção da Costa Leste de Epi de Siafato, que prevê a construção de sete espigas e o aterro com areia proveniente da dragagem do porto de Cotonou e a proteção com um revestimento rochoso.
As espigas vão permitir proteger os 7,5 quilómetros da costa a partir de Epi de Siafato no PK4 até à altura de PK11, na estrada de Porto Novo.
O projeto estimado em 65 milhões de dólares americanos é cofinanciado pelo Banco Islâmico de Desenvolvimento (BID) com 20,2 milhões de dólares americanos e pelo Banco Árabe para o Desenvolvimento Económico em África (BADEA) com 10 milhões de dólares americanos.
Participam ainda no seu financiamento o Fundo da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) para o Desenvolvimento Internacional (OFID) com oito milhões de dólares, o Fundo Saudita de Desenvolvimento (FSD) com 12 milhões de dólares, o Fundo Koweitiano para o Desenvolvimento (FKDEA) com 10 milhões de dólares e o Governo beninense com quatro milhões e 800 mil dólares americanos.
Este projeto, cuja importânica não é mais a demonstrar para as populações ribeirinhas e para o país, nunca teria sido uma realidade sem a cooperação árabe que se manifestou para salvar Cotonou das águas desde a mesa redonda de doadores realizada em 2007.
Apesar de o projeto conhecer dificuldades no plano legislativo, o seu financiamento foi assegurado quase totalmente pela cooperação árabe.
Segundo um estudo divulgado pelo Instituto Internacional para o Desenvolvimento Ambiental e Económico (IIED), um organismo britânico, a erosão do litoral poderá apagar do mapa as zonas de Donaten, Tokplegbe, Finagnon, Akpakpa-Dodomey e o bairro JAK (Joseph Adjignon Kèkè, do nome dum famoso advogado beninense).
Nestas localidades, estão implantadas residências secundárias e prédios públicos.
Estão nelas estabelecidos mais de 100 mil habitantes com rendimentos precários e sem nenhum meio para enfrentar sozinhos o avanço das águas cujo nível poderá atingir, se nada for feito, 59 metros em 2100.
"Há cinco anos, lindos hotéis foram erigidos nesta zona.
Hoje, a água reina lá em mestre", constata Arthur Assou, operador económico encontrado no local.
"Quando cheguei aqui, pela primeira vez, esta universidade privada estava muito afastada do mar que admirávamos do balcão do prédio.
Ficávamos preocupados, cada manhã, de constatar que a água ocupa o espaço, como se esperasse a nossa partida à noite para se apossar do local", lamenta, por seu turno Carine Sèbo, professor numa escola privada da zona.
Assévi Alban, pescador nascido na localidade há cerca de 40 anos, aponta o dedo, com ar negro, para o que era a casa dos seus pais, mas que hoje se encontra no meio do mar.
"Passei ali a minha infância.
O mar mandou-nos embora e erigimos uma casa precária logo ao lado antes de as autoridades nos afastarem para as obras", confia nostálgico.
No leste de Cotonou, não são apenas as populações e as infraestruturas que pagam muito caro pelo avanço do mar.
A economia do país também poderá sofrer, de acordo com um estudo disponível junto do Ministério do Urbanismo e Luta contra a Erosão Costeira.
Sendo Cotonou o maior pólo económico do Benin, o desaparecimento do seu porto, que gera quase a totalidade do orçamento nacional (essencialmente fiscal), e do aeroporto, do mercado Dantokpa, que gera mais de 750 milhões de dólares americanos de rendimentos anuais, bem como de outras unidades industriais que estão aí implantadas, seria uma catástrofe muito grande a ser suportada por uma economia ainda frágil.
Para além da cidade de Cotonou, a estrada interestadual Cotonou-Lagos, verdadeiro pólo de integração regional, e outras localidades vizinhas, nomeadamente o vale de Ouémé, são as bases da economia salvaguardadas pela cooperação árabe ao resgatar Cotonou das "garras" do mar.
O Vale de Ouéme é o mais rico de África, após o de Nilo, e já obrigou as autoridades beninenses a criarem um programa agrícola ambicioso de luta contra a pobreza.
Segundo estudos, a erosão do Golfo da Guiné, onde se situam a Côte d'Ivoire, o Gana, o Togo, o Benin e a Nigéria, é devida a mudanças climáticas, que causam a elevação do nível do mar, as cheias e doenças hídricas.
Os mapas e as imagens do leste de Cotonou obtidos por teledeteção entre 1963 e 2000 mostram um recuo do litoral por mais de 400 metros na zona do leste do porto de Cotonou.
No leste da cidade, a subida do nível do mar causou enormes estragos materiais, nomeadamente a destruição de várias casas bem como de hotéis e outras infraestruturas comerciais, estradas e colheitas.
"Se nada for feito de imediato, é toda a metrópole beninense que será engolida pelo mar que avança cada dia", constatam cada vez mais os especialistas.
Diante deste desastre iminente, as autoridades beninenses fizeram da luta contra a erosão costeira uma prioridade nacional e estão a trabalhar para encontrar uma solução a este fenómeno que destrói infraestruturas económicas e faz perder ao país centenas de milhões de dólares americanos.
Foi assim criado o Projeto de Proteção da Costa Leste de Epi de Siafato, que prevê a construção de sete espigas e o aterro com areia proveniente da dragagem do porto de Cotonou e a proteção com um revestimento rochoso.
As espigas vão permitir proteger os 7,5 quilómetros da costa a partir de Epi de Siafato no PK4 até à altura de PK11, na estrada de Porto Novo.
O projeto estimado em 65 milhões de dólares americanos é cofinanciado pelo Banco Islâmico de Desenvolvimento (BID) com 20,2 milhões de dólares americanos e pelo Banco Árabe para o Desenvolvimento Económico em África (BADEA) com 10 milhões de dólares americanos.
Participam ainda no seu financiamento o Fundo da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) para o Desenvolvimento Internacional (OFID) com oito milhões de dólares, o Fundo Saudita de Desenvolvimento (FSD) com 12 milhões de dólares, o Fundo Koweitiano para o Desenvolvimento (FKDEA) com 10 milhões de dólares e o Governo beninense com quatro milhões e 800 mil dólares americanos.
Este projeto, cuja importânica não é mais a demonstrar para as populações ribeirinhas e para o país, nunca teria sido uma realidade sem a cooperação árabe que se manifestou para salvar Cotonou das águas desde a mesa redonda de doadores realizada em 2007.
Apesar de o projeto conhecer dificuldades no plano legislativo, o seu financiamento foi assegurado quase totalmente pela cooperação árabe.
Segundo um estudo divulgado pelo Instituto Internacional para o Desenvolvimento Ambiental e Económico (IIED), um organismo britânico, a erosão do litoral poderá apagar do mapa as zonas de Donaten, Tokplegbe, Finagnon, Akpakpa-Dodomey e o bairro JAK (Joseph Adjignon Kèkè, do nome dum famoso advogado beninense).
Nestas localidades, estão implantadas residências secundárias e prédios públicos.
Estão nelas estabelecidos mais de 100 mil habitantes com rendimentos precários e sem nenhum meio para enfrentar sozinhos o avanço das águas cujo nível poderá atingir, se nada for feito, 59 metros em 2100.
"Há cinco anos, lindos hotéis foram erigidos nesta zona.
Hoje, a água reina lá em mestre", constata Arthur Assou, operador económico encontrado no local.
"Quando cheguei aqui, pela primeira vez, esta universidade privada estava muito afastada do mar que admirávamos do balcão do prédio.
Ficávamos preocupados, cada manhã, de constatar que a água ocupa o espaço, como se esperasse a nossa partida à noite para se apossar do local", lamenta, por seu turno Carine Sèbo, professor numa escola privada da zona.
Assévi Alban, pescador nascido na localidade há cerca de 40 anos, aponta o dedo, com ar negro, para o que era a casa dos seus pais, mas que hoje se encontra no meio do mar.
"Passei ali a minha infância.
O mar mandou-nos embora e erigimos uma casa precária logo ao lado antes de as autoridades nos afastarem para as obras", confia nostálgico.
No leste de Cotonou, não são apenas as populações e as infraestruturas que pagam muito caro pelo avanço do mar.
A economia do país também poderá sofrer, de acordo com um estudo disponível junto do Ministério do Urbanismo e Luta contra a Erosão Costeira.
Sendo Cotonou o maior pólo económico do Benin, o desaparecimento do seu porto, que gera quase a totalidade do orçamento nacional (essencialmente fiscal), e do aeroporto, do mercado Dantokpa, que gera mais de 750 milhões de dólares americanos de rendimentos anuais, bem como de outras unidades industriais que estão aí implantadas, seria uma catástrofe muito grande a ser suportada por uma economia ainda frágil.
Para além da cidade de Cotonou, a estrada interestadual Cotonou-Lagos, verdadeiro pólo de integração regional, e outras localidades vizinhas, nomeadamente o vale de Ouémé, são as bases da economia salvaguardadas pela cooperação árabe ao resgatar Cotonou das "garras" do mar.
O Vale de Ouéme é o mais rico de África, após o de Nilo, e já obrigou as autoridades beninenses a criarem um programa agrícola ambicioso de luta contra a pobreza.
Segundo estudos, a erosão do Golfo da Guiné, onde se situam a Côte d'Ivoire, o Gana, o Togo, o Benin e a Nigéria, é devida a mudanças climáticas, que causam a elevação do nível do mar, as cheias e doenças hídricas.
Os mapas e as imagens do leste de Cotonou obtidos por teledeteção entre 1963 e 2000 mostram um recuo do litoral por mais de 400 metros na zona do leste do porto de Cotonou.