São Tomé obtém $ 4 milhões do PNUD para gestão de sustentável terras
São Tomé, São Tomé e Príncipe-(PANA) - O Fundo Global do Ambiente (FGA) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) concederam a São Tomé e Príncipe cerca de quatro milhões de dólares americanos para garantir a gestão sustentável das terras e travar a degradação da biodiversidade e do ecossistema do arquipélago.
Segundo a representante residente do PNUD, Katarzina Wawierna, é necessário salvar o futuro das gerações vindouras, porque a biodiversidade está em declínio pelo comportamento humano e pela crescente pressão e exploração dos recursos naturais.
A diplomata onusina advertiu que a exploração da natureza "está muito acelerada" e que, "se não mudarmos de rumo, até um milhão de espécies conhecidas poderão desaparecer até 2050” .
Ela entende que a utilização sustentável dos recursos existentes, nas ilhas de São Tomé e do Príncipe, permitirá a sobrevivência da próxima geração.
A gestão sustentável do ecossistema e da biodiversidade de São Tomé e Príncipe pode ser considerada “farol de sustentabilidade regional e mundial ao nível global”, afirmou.
A biodiversidade terrestre e os ecossistemas florestais de São Tomé e Príncipe estão sob pressão de várias ameaças, especialmente a construção de infraestruturas e empreendimentos agrícolas de grande extensão.
A prática da pequena agricultura familiar e a exploração insustentável dos produtos florestais não lenhosos constituem outras fontes de pressão sobre os ecossistemas.
As zonas-tampão que em princípio serviriam para proteger os parques naturais estão mal definidas e a utilização da terra e dos recursos é insustentável.
Esta situação é agravada por quadros jurídicos e institucionais débeis, pela ausência de um ordenamento do território e pela aplicação pouco estrita da legislação ambiental.
De acordo com os indicadores disponíveis, não há tentativas de reduzir os impactos da produção de carvão vegetal, e existem poucas opções de subsistência para que as comunidades possam reduzir as atividades insustentáveis.
Na opinião de Timóteo Neves, diretor de planeamento do governo regional, as leis existentes devem ser reformuladas, para permitir uma exploração sustentável dos recursos existentes na biodiversidade, na ilha do Príncipe.
Precisou que, no que toca à exploração dos recursos madeireiros e dos parques naturais e ao enquadramento da reserva e da biosfera da ilha do Príncipe, "as nossas leis têm lacunas que precisam de ser trabalhadas e melhoradas sobretudo a nível das áreas protegidas.”
O biólogo francês Jean Baptiste lembrou que, até à chegada dos primeiros habitantes das ilhas de São Tomé e Príncipe, "os únicos animais" que existiam eram as aranhas e os morcegos.
Especificou que, atualmente, existem no país cerca de 15 espécies, incluindo espécies nativas de morcegos, que exercem a função de dispersão de sementes pela floresta.
Jean Baptiste acrescentou que também apareceram, na ilha, ratos pretos (ratazanas) introduzidos por embarcações que atracavam no país, assim como macacos, lagaias e outros animais domésticos tais como suínos e caprinos, trazidos pelos homens para o consumo.
“Os porcos, ao pisarem o solo, podem impedir a regeneração das plantas, pois gostam de comer os ovos das tartarugas”, disse, antes de concluir que, acima de tudo, "somos nós os humanos com maior impacto no ambiente”.
O novo projeto financiado pelo FGA e pelo PNUD será executado pela Direção-Geral do Ambiente e pela Secretaria Regional do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, com a participação de um consórcio de ONG liderado pela Birdlife International, que inclui a OIKOS e a Fundação PRINCIPE.
A Direção das Florestas e Biodiversidade é o parceiro técnico do projeto, assim como um grande beneficiário.
-0- PANA RMG/IZ 31maio2021