Mecanização de agricultura muito baixa no sul do Sara, diz CAADP
Addis Abeba, Etiópia (PANA) - A utilização da mecanização agrícola sustentável no continente em geral, e. em especial a sul do Sara, está a um nível muito baixo em comparação com outros regiões, revelou um relatório bienal do Programa Integrado de Desenvolvimento da Agricultura de África (CAADP, sigla em inglês).
De acordo com o mesmo documento, cerca de 65 por cento da força agrícola ainda é fornecida pelos músculos humanos e 25 por cento por animais de tração, ao passo que a potência do motor contribui apenas com cerca de 10%.
A tendência atual mostra que os jovens estão a migrar das zonas rurais para as urbanas em busca de oportunidades mais verdes, deixando assim os idosos, sobretudo mulheres e crianças, a cuidarem das atividades agrícolas.
“É por estas razões que uma das resoluções do compromissos da Declaração de Malabo de 2014 identifica a mecanização agrícola como um fator-chave para atingir o objetivo de duplicar os níveis de produtividade agrícola até 2025, acelerar o crescimento económico e acabar com a fome”, lê -se no documento.
Especificamente, a resolução apela à criação e ao reforço de políticas, de instituições e sistemas de apoio adequados para facilitar "a mecanização e o fornecimento de energia adequados, fiáveis e acessíveis", ressalta o documento.
Neste aspecto, a mecanização agrícola sustentável em África é vista como um pilar indispensável para atingir o compromisso de acabar com a fome até 2025, como consta da Declaração de Malabo, e até 2030, conforme os objetivos de desenvolvimento sustentável da Agenda 2063.
No tocante às realizações e progressos na promoção da mecanização agrícola em África, na sequência do lançamento do Quadro sobre Mecanização Agrícola Sustentável (QMASA) desenvolvido conjuntamente pela Comissão da União Africana( CUA) e pela Organização das Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO ), em outubro de 2018, houve um esforço para operacionalizar este quadro através da implementação de várias atividades.
De acordo com a mesma fonte, oito Estados membros, designadamente Benin, Tchad, Gana, Libéria, Mali, Serra Leoa, Togo e Zâmbia, foram apoiados pela FAO para formularem ou reverem estratégias nacionais de mecanização agrícola sustentável com base no QMASA .
Além disso, prossegue, três países,precisamente a Etiópia, o Quénia e o Uganda, reviram as suas estratégias nacionais de mecanização agrícola, utilizando outros recursos.
A FAO encomendou um estudo, implementado pela Rede ACT e intitulado "Desenvolvimento de Orientações para o Investimento (D4I) na Mecanização Agrícola Sustentável em África em 2021/2022".
Este estudo implicou a realização de uma análise das condições sociais, económicas, institucionais e ambientais interligadas para identificar os pontos de entrada necessários para alavancar os investimentos neste setor ao longo de toda a cadeia de valor agroalimentar, em conformidade com o QMASA da CUA-FAO e os planos nacionais de investimento agrícola .
O estudo realizado em países africanos selecionados, precisamente Benin, Camarões, Etiópia, Gana, Quénia, Tanzânia, Nigéria e Zâmbia, identificou seis áreas prioritárias de investimento, precisamente o reforço da mecanização e desenvolvimento de cadeias de valor agrícolas, o reforço da mecanização da agricultura inteligente em termos climáticos e o reforço da capacidade de mecanização agrícola.
Consta também do leque a melhoria da gestão do conhecimento sobre mecanização agrícola,melhoria da medição do desempenho da mecanização agrícola e estabelecimento de um ambiente propício à mecanização e financiamento inovador.
De acordo com o mesmo relatório, os investimentos na mecanização agrícola ao longo da cadeia de valor alimentar são urgentemente necessários para permitir aos intervenientes aumentarem a sua produtividade e a prosperidade das comunidades, renovando simultaneamente a atratividade do setor agrícola para a juventude rural com a introdução de novos empregos e tecnologias.
-0- PANA JF/DD 25junho2024