Presidente burundês na Nigéria para cimeira sobre Níger
Bujumbura, Burundi (PANA) - O Chefe de Estado do Burundi, Evariste Ndayishimiye, actual presidente da Comunidade da África Oriental (CEA) e do Conselho para a Paz e Segurança da União Africana (UA), partiu quinta-feira de Bujumbura com destino à Nigéria para participar na Cimeira Extraordinária da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) sobre a crise no Níger, anunciou um comunicado de imprensa oficial.
Na frescura do golpe militar no Níger, o Presidente Ndayishimiye havia feito a observação de que os golpes militares no continente africano são cada vez mais obra de jovens oficiais, “na sequência de um défice de comunicação e de relacionamento entre os homens fardados de duas gerações.
"Essa proliferação de golpes em África corre o risco de nos levar de volta aos anos sombrios de nossa história, quando a mudança de regime por meios inconstitucionais estava na moda", disse-se.
Para o Presidente do Burundi, “a solução passa por reforçar o espírito de corpos entre os jovens e os mais velhos e garantir um amanhã melhor aos jovens oficiais”.
O Chefe de Estado do Burundi sublinhou ainda "a importância de um diálogo interactivo franco e sincero entre os jovens e os mais velhos, de acordo com o princípio africano de que os problemas africanos requerem soluções africanas, e a sabedoria segundo a qual a roupa suja deve ser lavada em a família".
Da mesma forma, "devemos permitir que soldados que o desejem e que tenham ambições políticas se candidatem às eleições depois de renunciarem ao exército, se quiserem passar por partidos políticos", disse-se com veemência.
Relativamente à gestão dos golpes de Estado quando estes ocorrem, o Presidente Ndayishimiye considerou que “já é tempo de rever o regime de sanções da União Africana, porque a experiência mostra-nos que as sanções afetam muito mais as populações civis inocentes do que os autores dos golpes”.
Além disso, “em vez de recorrer a sanções, sejam de natureza econômica, política ou militar, devemos, ao contrário, trilhar o caminho de soluções pacíficas para as disputas, como o diálogo e a cooperação”.
Da mesma forma, “o intervencionismo militar só atiça o fogo e causa perda de vidas humanas”.
Para o Presidente do Burundi, “devemos admitir que todas estas medidas são contraproducentes e agravam os problemas socioeconómicos que minam o desenvolvimento de África, e admitir também que se estabeleça o diálogo entre as partes em conflito, no sentido de encontrar soluções adaptadas ao contexto africano”.
Outros golpes militares recentes ocorreram no Burkina Faso, no Mali e na Guiné-Conacri.
O Burundi é outro país africano que vive na psicose permanente dos golpes militares.
A última tentativa fracassada data de 2015, após o controverso terceiro mandato do falecido presidente Pierre Nkurunziza.
A alternância democrática foi ainda feita num contexto de contestação dos resultados das últimas eleições gerais de 2020.
O país vive dificuldades econômicas estruturais que enfraquecem ainda mais a democracia, segundo analistas.
-0- PANA FB/JSG/MAR 10agosto2023