ONU preocupada com suspensão de atividades de partidos políticos no Burkina Faso
Ouagadougou, Burkina Faso (PANA) - O Ato Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) manifestou-se preocupada com a decisão da junta no poder de suspender atividades dos partidos políticos no Burkina Faso, soube a PANA de fonte oficial.
O ACNUDH reagiu assim à atitude do novo chefe da junta militar no Burkina Faso, o capităo Ibrahim Traoré, autor do segundo golpe de Estado, a 30 de setembro último no Burkina Faso, contra o então golpista, o tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba, exilado atualmente no Togo.
"Estamos mesmo profundamente preocupados com a decisão de suspender todas as atividades políticas e da sociedade civil no país", lamentou Seif Magango, porta-voz da instituição onusina.
Exortou as autoridades militares a anularem imediatamente esta decisão arbitrária e protegerem efetivamente todos os direitos humanos", segundo uma nota publicada no website da ONU.
Após o golpe de Estado de 30 de setembro de 2022, que levou o capitão Ibrahim Traoré ao poder, as atividades dos partidos políticos e de organizações da sociedade civil foram suspensas pelos novos golpistas, que se assumem como fazendo parte do Movimento Patriótico de Reforço e Restauro (MPSR), segundo a mesma fonte.
O ACNUDH diz estar a acompanhar de perto a situação dos direitos humanos no Burkina Faso após o golpe de Estado contra um outeo golpista, o tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo.
Porém, a instituição onusina saudou as declarações das novas autoridades militares burkinabes que se comprometeram a respeitar os "compromissos internacionais do país, incluindo os relacionados com a promoção e proteção dos direitos humanos."
"No entanto, continuamos preocupados com múltiplas alegações de violações dos direitos humanos que continuam a ser relatadas em muitas partes do país", lamentou Magango.
O ACNUDH também pede às autoridades atuais que condenem de maneira inequívoca todos os casos de discurso de incitação ao ódio e à violência, em qualquer lugar que ocorram, e garantam que os seus autores sejam responsabilizados de acordo com a lei.
A ONU insta Ouagadougou a abrir rapidamente investigações completas e imparciais sobre todas as mortes e ferimentos relacionados com o golpe de 30 de setembro último, incluindo os de quatro pessoas mortas e oito outras feridas durante saques e manifestações a favor do sucedido.
Trata-se nomeadamente de fazer com que os responsáveis por estes atos sejam julgados, frisou.
A instituição onusina disse continuar igualmente preocupada sobremaneira com "a situação securitária" em que se encontra a população civil nas regiões do centro-norte e do Sahel, onde está diariamente "ameaçada de violência" por grupos armados não estatais.
O golpe de Estado de 30 de setembro último no Burkina Faso, da autoria do capitão Ibrahim Traoré, segue-se ao de 24 de janeiro último, protagonizado pelo tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo contra o então Presidente da República, Roch Marc Christian Kaboré, que cumpria um segundo mandato à frente do país.
Quer para a primeira intentona quer para a segunda, os pretextos são os mesmos: a insegurança galopante no país devido ao terrorismo e a ineficácia de políticas de luta contra o flagelo.
-0- PANA TNDD/JSG/MAR/DD 08out2022