Eleições legislativas adiadas na Guiné-Conakry
Conakry, Guiné (PANA) – O Presidente Alpha Condé anunciou sexta-feira o adiamento do duplo escrutínio do referendo e eleições legislativas previsto para este domingo, mas boicotado por vários partidos da oposição.
O Presidente Condé, que falava à nação, numa mensagem emitida pela rádio e televisão, disse que este ligeiro adiamento foi feito para se conformar ao quadro da União Africana (UA) e da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
Lembrou que a Guiné, que desde 1958, ano da sua independência, participou em todos os movimentos de libertação em África, deve aceitar alguns compromissos por respeito aos seus engajamentos, nomeadamente o panafricanismo, no seio da UA e da CEDEAO.
Afirmou que a Guiné não poderá isolar-se "dos seus países irmãos", explicando assim que o adiamento, sem o confessar, é consecutivo a pressões, nomeadamente do lado da CEDEAO, da qual uma delegação de chefes de Estado, liderada pelo seu Presidente em exercício, o nigerino Mahamadou Issoufou, era esperada sexta-feira, em Conakry.
"Este ligeiro adiamento não é um recuo. O futuro vai provar que vamos sair crescidos desta prova”, disse, revelando que só os partidos políticos engajados na competição eleitoral serão abrangidos.
Revelou que o Conselho Constitucional vai propor uma nova data, antes de pedir a compreensão e a indulgência a todos os que eram decididos a ir votar domingo, garantindo que é certo que não estarão contentes com o adiamento do escrutínio.
Durante a semana, as intervenções e outros conselhos provenientes da União Europeia (UE), do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos , entre outros, foram endereçados ao Presidente Condé para prevenir a violência que poderia decorrer da organização do duplo escrutínio boicotado por vários partidos de oposição.
Os partidos da oposição e a Frente Nacional para a Defesa da Constituição (FNDC), que desde outubro passado organizam regularmente manifestações de rua, prometetam tudo fazer para impedir a organização do duplo escrutínio para o qual vários materiais de voto foram incendiados, na Média Guiné, bastião do antigo primeiro-ministro Mamadou Cellou Dalein Diallo, líder da União das Forças Democráticas da Guiné (UFDG).
-0- PANA AC/IS/MAR/IZ 01março2020