Cabo Verde admite 150 mil empregos em risco por causa da covid-19
Praia, Cabo Verde (PANA) - O vice-primeiro-ministro cabo-verdiano, Olavo Correia, admitiu, quinta-feira, que a pandemia da covid-19 está a colocar "em risco" 150 mil empregos no pais, pelo que defendeu uma intervenção "muito forte" do Estado para travar o desemprego "em massa" no arquipélago.
Segundo Olavo Correia, que que é também ministro das Finanças, “a taxa de desemprego pode duplicar, em Cabo Verde, em consequência do impacto da pandemia da covid-19”.
O país tem, neste momento, cerca de 206 mil pessoas empregadas, mas cerca de 150 mil empregos estão em risco, disse.
A taxa de desemprego, antes do início da pandemia da covid-19, rondava os 11 por cento mas a atual previsão do Governo aponta para 20 por cento até final do ano, devido aos efeitos da crise no setor do turismo.
Segundo esta previsão, inscrita no Orçamento Retificativo para 2020, que na próxima semana vai à votação final na Assembleia Nacional (Parlamento), o setor do turismo garante 25 por cento do Produto Interno Bruto do país, quando o arquipélago está fechado a voos internacionais, desde 19 de março.
Entre as medidas políticas que “visam a proteção e a criação do emprego”, Olavo Correia destacou a prorrogação do período de cofinanciamento de estágios profissionais, de seis para oito meses, com aumento da comparticipação estatal.
Esta medida, que vai custar aos cofres públicos 289 milhões de escudos (2,6 milhões de euros), complementa-se com o fomento à contratação através de benefícios fiscais e comparticipação do Estado em 50 por cento do salário, que custará 70 milhões de escudos (635 mil euros).
O ‘lay-off’, iniciado em abril e com efeitos a 01 de julho a ser prolongado, apenas para o turismo, até final de setembro, é a medida com o maior peso orçamental.
Tem uma estimativa de 155 milhões de escudos (1,4 milhões de euros) por mês (recebem 70% do salário, metade assegurado pelo Instituto Nacional de Previdência Social), pagos a uma média de 11 mil trabalhadores com suspensão de contrato de trabalho.
A proposta de Orçamento Retificativo para 2020 ascende a 75.084.978.510 escudos (679,1 milhões de euros), entre despesas e receitas, incluindo endividamento, o que representa um aumento de 2,6 por cento na dotação inscrita no Orçamento ainda em vigor.
Prevê o recurso ao endividamento público, com o Governo a estimar ‘stock’ equivalente a 150 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), até 2021.
O Orçamento do Estado em vigor previa um crescimento económico de 4,8 a 5,8 por cento do PIB, em 2020, na linha dos anos anteriores, uma inflação de 1,3 por cento, um défice orçamental de 1,7 por cento e uma taxa de desemprego de 11,4 por cento, além de um nível de endividamento equivalente a 118,5 por cento do PIB.
Estas previsões foram drasticamente afetadas pela crise económica e sanitária, refletidas nesta nova proposta orçamental para 2020, com uma recessão económica que poderá oscilar entre 6,8 e 8,5 por cento, uma taxa de desemprego de quase 20 por cento até final do ano e um défice orçamental a disparar para 11,4 por cento do PIB.
-0- PANA CS/IZ 24julho2020