Agência Panafricana de Notícias

Imprensa destaca 17º aniversário de genocídio ruandês

Kigali, Ruanda (PANA) - Os jornais ruandeses publicados esta segunda-feira em Kigali, a capital, deram muita enfâse às cerimónias do 17º aniversário da comemoração do genocídio dos tutsis e dos hutus moderados em 1994.

O diário "The New Times" descreve as atividades de comemoração do genocídio de 1994 e sugere que em muitos países do mundo as autoridades competentes analisam como incluir um currículo sobre o genocídio nas escolas e nas universidades.

Intitulando o seu editorial "Devemos transmitir um ensino sobre o genocídio à nossa juventude", o jornal nota que, uma vez que os jovens adquirem conhecimentos formais sobre o genocídio, eles serão capazes de agir para uma reconciliação duradoura.

Por sua vez, o quotidien online "igihe.com" relata o depoimento do ex-ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Bernard Kouchner, durante a sua recente visita ao Ruanda, para marcar o 17 aniversário da comemoração do genocídio e diz ter vivido na "impaciência" por vários anos antes de finalmente quebrar o silêncio para convencer as autoridades francesas de que houve um genocídio no Ruanda.

Recolhendo testemunhos permanentes durante uma vigília fúnebre na Embaixada de França em Kigali, o jornal acrescenta, porém, que pelo menos 16 funcionários da missão diplomática francesa foram mortos no genocídio de 1994, quando o país enviou um destacamento dos seus soldados após o início dos massacres.

Citando fontes próximas das associações de sobreviventes do genocídio, o mesmo jornal online noticia que, apesar deste gesto de França de comemorar os seus funcionários mortos no genocídio de Ruanda, há sempre a necessidade de esclarecer a responsabilidade de certas "personalidades francesas no genocídio de 1994. "

O jornal adianta que mesmo que o embaixador françês no Ruanda, Laurent Contini, atribuiu a responsabilidade aos seus antecessores na época do genocídio, incluindo a não assistência à pessoa em perigo, no que diz respeito aos seus antigos colegas de trabalho, "isto não é suficiente, porque a missão diplomática também deveria assistir os parentes das vítimas, incluindo os órfãos e as viúvas dessa tragédia".

O bimensal governamental "Imvaho Nshya", por sua vez, comenta sobre uma recente declaração de um ex-alto dirigente ruandês designado como o mentor do genocídio na pessoa do coronel Theoneste Bagosora atualmente condenado à prisão perpétua pelo Tribunal Penal Internacional para o Ruanda (TPIR).

Ele afirma que, o facto de que foram precisos 17 anos para que este ex-oficial superior admitisse o genocídio no Ruanda, leva a questionar a respeito do funcionamento desta jurisdição da ONU que trabalha numa "lentidão deplorável".

"É uma vergonha para a ONU ter esperado tantos anos para fazer justiça, porque o suspeito poderia ser julgado dentro de um curto período. Esta é uma prova de que alguns magistrados do TPIR prolongam os processos de modo a garanti ra renovação de seus contratos ", indica o jornal.

-0- PANA TWA/TBM/IBA/CCF/TON 11avr2011