PANAPRESS
Agência Panafricana de Notícias
Kadafi "exorciza" Árabes e Africanos do demónio da divisão
Dakar- Senegal (PANA) -- Não é certamente por acaso que o líder líbio, Muamar Kadafi, abriu a caixa de Pandora, domingo 10 de Outubro de 2010, revelando diante dos chefes de Estado, reis e outros dingitários árabes presentes na abertura da segunda Cimeira da Cooperação Afro-Árabe a participação dos "ricos árabes" no tráfico negreiro.
Certamente, vários observadores da cena política africana deixaram-se levar, crendo numas dessas "bombas" do líder líbio, que, inconscientemente, poderá apressar a penosa retomada desta cooperação entre Árabes e Africanos cuja máquina Kadafi contribuiu a relançar, depois de três séculos de estagnação.
A participação árabe neste mercantilismo vergonhoso que martirizou os Negros africanos até ao presente século, foi antes dissimulada pela História nas luzes da ribalta da Cimeira Mundial Sul-Africana (2001) contra o Racismo, a favor duma atenção quase exclusiva ao comércio triangular África-Europa- América.
A priori, ela parecia ter sido percebida como uma das explicações da letargia em que estava mergulhada a aplicação da iniciativa materializada em Março de 1977 no Cairo (Egito), sob a forma duma primeira Cimeira da Cooperação entre Árabes e Africanos.
Sem sombra de dúvida, Muamar Kadafi, anfitrião desta II Cimeira Afro-Árabe que tentou inaugurar uma nova era de cooperação mais atuante, encontrou nesta revelação, embora embaraçosa, o tratamento de choque certamente adequado que pode estimular junto dos Árabes esta vontade política e este engajamento inequívoco a favor da formação dum bloco unitário entre o continente africano e o mundo árabe.
Como qualquer verdade, esta que o anfitrião líbio serviu aos seus convidados árabes dói.
E Kadafi sabia-o, de tal maneira que precisou insistemente: "Estamos hoje embaraçados e chocados por estas práticas escandalosas dos ricos Árabes que olharam para os seus irmãos africanos com despeito e condescendência".
O orador apareceu como que para exorcizar qualquer veleidade de dissimulação deste tráfico lá onde, nos nossos dias, ainda teima em perpetuar-se, apesar da brutalidade duma tal verdade exposta em plena luz do dia, diante do torcionário e da sua vítima, do predador e da sua presa.
A lição de Kadafi também não exclui o Sudão cuja partilha evocada no seu discurso tem uma das suas raizes nos mesmos "despeito e condescendência" com que os ricos Árabes olharam para os Negros do Sudão, durante o tráfico negreiro que o líder líbio denuncia, bem como os raptos ao serviço da escravidão a que a Comissão das Nações Unidas sobre os Direitos Humanos tenta sem sucesso pôr termo.
O grito lançado por Muamar Kadafi, exortando uns e outros a "reconhecer hoje esta questão, denunciá-la vigorosamente e colocá-la na sua verdadeira dimensão", não se endereça unicamente a esta África em busca de união com o mundo árabe, mas igualmente aos atores dos conflitos recorrentes nascidos desta humilhação cujas feridas, tanto no Sudão Sul como em Darfur, demoram a cicatrizar.
"Enquanto nós, Africanos, teremos esquecido ou perdoado o Ocidente de nos ter reduzido a uma escravidão à grande escala, é completamente lógico que desembaracemos os nossos corações dos rancores nascidos destas práticas dos ricos Árabes, outrora traficantes de seres humanos", afirmou Muamar Kadafi.
Sem descurar o preço deste perdão, Kadafi notou igualmente que "se os Árabes e os Africanos olharem bem para o mapa, verão que formamos um único espaço, uma só demográfia, uma única zona e que somos tão próximos uns dos outros que nada nos separa".
"Podemos, por isso, formar uma união e um só espaço no interesse das nossas gerações futuras, para que possam ser tão fortes que as suas homólogas europeia, americana, chinesa e japonesa", disse.
Infelizmente, os demónios da divisão têm uma vida dura, sobretudo quando os corpos que possuem se comprazem no novo estado resultante.
O demónio que assombra África chama-se "diversidade cultural, racial e religiosa e as riquezas que viram maldições".
"Reconhecer, denunciar vigorosamente e colocar na sua verdadeira dimensão" o mal que perturba a ordem normal das coisas no continente parece o antídoto que o líder líbio propõe para exorcizar Africanos e Árabes deste corpo estranho.
Certamente, vários observadores da cena política africana deixaram-se levar, crendo numas dessas "bombas" do líder líbio, que, inconscientemente, poderá apressar a penosa retomada desta cooperação entre Árabes e Africanos cuja máquina Kadafi contribuiu a relançar, depois de três séculos de estagnação.
A participação árabe neste mercantilismo vergonhoso que martirizou os Negros africanos até ao presente século, foi antes dissimulada pela História nas luzes da ribalta da Cimeira Mundial Sul-Africana (2001) contra o Racismo, a favor duma atenção quase exclusiva ao comércio triangular África-Europa- América.
A priori, ela parecia ter sido percebida como uma das explicações da letargia em que estava mergulhada a aplicação da iniciativa materializada em Março de 1977 no Cairo (Egito), sob a forma duma primeira Cimeira da Cooperação entre Árabes e Africanos.
Sem sombra de dúvida, Muamar Kadafi, anfitrião desta II Cimeira Afro-Árabe que tentou inaugurar uma nova era de cooperação mais atuante, encontrou nesta revelação, embora embaraçosa, o tratamento de choque certamente adequado que pode estimular junto dos Árabes esta vontade política e este engajamento inequívoco a favor da formação dum bloco unitário entre o continente africano e o mundo árabe.
Como qualquer verdade, esta que o anfitrião líbio serviu aos seus convidados árabes dói.
E Kadafi sabia-o, de tal maneira que precisou insistemente: "Estamos hoje embaraçados e chocados por estas práticas escandalosas dos ricos Árabes que olharam para os seus irmãos africanos com despeito e condescendência".
O orador apareceu como que para exorcizar qualquer veleidade de dissimulação deste tráfico lá onde, nos nossos dias, ainda teima em perpetuar-se, apesar da brutalidade duma tal verdade exposta em plena luz do dia, diante do torcionário e da sua vítima, do predador e da sua presa.
A lição de Kadafi também não exclui o Sudão cuja partilha evocada no seu discurso tem uma das suas raizes nos mesmos "despeito e condescendência" com que os ricos Árabes olharam para os Negros do Sudão, durante o tráfico negreiro que o líder líbio denuncia, bem como os raptos ao serviço da escravidão a que a Comissão das Nações Unidas sobre os Direitos Humanos tenta sem sucesso pôr termo.
O grito lançado por Muamar Kadafi, exortando uns e outros a "reconhecer hoje esta questão, denunciá-la vigorosamente e colocá-la na sua verdadeira dimensão", não se endereça unicamente a esta África em busca de união com o mundo árabe, mas igualmente aos atores dos conflitos recorrentes nascidos desta humilhação cujas feridas, tanto no Sudão Sul como em Darfur, demoram a cicatrizar.
"Enquanto nós, Africanos, teremos esquecido ou perdoado o Ocidente de nos ter reduzido a uma escravidão à grande escala, é completamente lógico que desembaracemos os nossos corações dos rancores nascidos destas práticas dos ricos Árabes, outrora traficantes de seres humanos", afirmou Muamar Kadafi.
Sem descurar o preço deste perdão, Kadafi notou igualmente que "se os Árabes e os Africanos olharem bem para o mapa, verão que formamos um único espaço, uma só demográfia, uma única zona e que somos tão próximos uns dos outros que nada nos separa".
"Podemos, por isso, formar uma união e um só espaço no interesse das nossas gerações futuras, para que possam ser tão fortes que as suas homólogas europeia, americana, chinesa e japonesa", disse.
Infelizmente, os demónios da divisão têm uma vida dura, sobretudo quando os corpos que possuem se comprazem no novo estado resultante.
O demónio que assombra África chama-se "diversidade cultural, racial e religiosa e as riquezas que viram maldições".
"Reconhecer, denunciar vigorosamente e colocar na sua verdadeira dimensão" o mal que perturba a ordem normal das coisas no continente parece o antídoto que o líder líbio propõe para exorcizar Africanos e Árabes deste corpo estranho.