Agência Panafricana de Notícias

Visita oficial do Presidente rwandês em manchete na imprensa francesa

Paris, França (PANA) – A maioria dos grandes títulos da imprensa diária francesa consagram esta segunda-feira uma larga parte à visita oficial de 72 horas iniciada domingo a França pelo Presidente rwandês, Paul Kagamé.

«Reencontros Calculados de Kigali e Paris », intitula o diário « Le Monde » que afirma que França recebe o Presidente do Rwanda em « busca de aliados para voltar de novo à Região dos Grandes Lagos ».

« Esta controversa viagem encerra simbolicamente a iniciativa de reconciliação iniciada pelo Presidente Nicolas Sarkozy e Bernard Kouchner quando este último era ministro (francês) dos Negócios Estrangeiros », acrescenta Le Monde.

Para o jornal « Libération », outro grande título da imprensa diária francesa, esta primeira visita do chefe de Estado rwandês desde o genocídio de 1994 marca « uma reconciliação franco-rwandesa sob tensão ».

O Libération, que lhe consagra três páginas cheias, sublinha que a visita do Presidente Kagamé suscita fortes reticências nos meios diplomáticos e militares em França.

« As autoridades políticas, no poder na época do massacre no Rwanda (genocídio de 1994), a começar por Alain Juppé e Edouard Balladur, nunca aceitaram as conclusões duma comissão de inquérito de historiadores locais que os acusam de cumplicidade no genocídio », afirma o diário da rua Béranger em Paris.

O periódico lembra que, na sexta-feira última, o presidente do Senado, Gérard Larcher, afirmou que "não receberá" o Presidente rwandês, rejeitando um pedido neste sentido de Kigali.

Num outro registo, o maior diário católico « La Croix » afirma que chegou talvez o momento para « ultrapassar o passado » e virar a página da época em que França apoiava o regime do Presidente Juvénal Habyarimana.

« A lembrança destes acontecimentos trágicos convida ao tacto, à compaixão para com as inúmeras vítimas e os seus próximos. São Rwandeses que mataram outros Rwandeses, mas França pode ter ressentimentos, tal como as Nações Unidas, por não ter prevenido a tragédia », escreve o editorialista do diário católico.

O articulista afirma, por outro lado, que o Eliseu (Presidência francesa) espera que a visita de Paul Kagamé permita à diplomacia e às empresas francesas recuperar a influência no Ruwanda, país chave na encruzilhada da África Central, região rica em recursos mineiros.

« A visita de Kagamé deverá ser também, e sobretudom uma oportunidade para o pressionar a remendar o seu regime. As organizações de defesa dos direitos humanos julgam a situação no país « extremamente preocupante », conclui La Croix.

Pouco após a sua chegada domingo à capital francesa, o Presidente Kagamé encontrou-se com os representantes da diáspora rwandesa na Europa.

Ele apresentou esta segunda-feira de manhã, no Instituto Francês das Relações Internacionais (IFRI), o seu ponto de vista sobre a posição de África na nova ordem mundial.

O Presidente rwandês prossegue a sua estada na capital francesa com um almoço de trabalho segunda-feira com o seu homólogo francês, Nicolas Sarkozy, antes de se reunir terça-feira com os empresários franceses que ele exortará a vir investir no país.

-0- PANA SEI/JSG/FK/IZ 12set2011