Agência Panafricana de Notícias

Ping denuncia Justiça de duas velocidades contra África

Paris- França (PANA) -- O presidente da Comissão da União Africana (CUA), Jean Ping, denunciou uma justiça internacional de duas velocidades, "das quais uma para os fracos e uma outra para os potentes", de que África é a vítima.
"É uma evidência! Basta examinar a identidade dos que compareceram no TPI (Tribunal Penal Internacional).
Vários Africanos, unicamente Africanos! Eu quero bem que tenhamos o nosso lote de criminosos, mas porquê somos os únicos ? Será que nada ocorreu na Faixa de Gaza, no Sri Lanka, na Colômbia, na Chechénia ou na Geórgia, por exemplo ?", interrogou-se Ping numa entrevista a Jeune Africa, semanário panafricano, divulgado segunda-feira.
Ele acrescentou que "a dignidade dos Africanos foi bastante violada durante a História".
Porém, o presidente da Comissão da UA indicou não pôr em causa o princípio da justiça internacional, mas que critica o método utilizado, reconhecendo, por outro lado, as falhas da Justiça Africana.
"Sou o primeiro a reconhecer as nossas imensas lacunas neste domínio.
Eu não estou a negá-las.
O caso do ex- Presidente tchadiano Hissène Habré é o mais flagrante.
Nós instalámos órgãos executivos e legislativos panafricanos, mas falta o judicial: um Tribunal de Justiça Continental.
Esta constatação, por mais amarga que seja, não autoriza uma Justiça de duas velocidades", explicou o presidente da CUA.
"Em nome de quê devemos aceitar o que os outros recusam ? Porquê os Ocidentais, eles, não aceitam que os seus cidadãos sejam julgados em África, se eles cometerem crimes aí ?", interrogou-se Jean Ping.
Sobre os processos dos "bens mal adquiridos" intentados nalguns países europeus e, particularmente, em França contra Presidentes africanos, ele sublinhou que é sempre a lei de dois pesos duas medidas.
No entanto, o diplomata gabonês ao serviço do panafricanismo indicou que o objectivo das suas críticas não é proteger criminosos mas "rejeitar esta justiça de duas velocidades".
"Só se interessa-se na maioria do tempo só pelos Africanos.
Mas não pelos Russos, nem pelos Chineses, muito menos pelos cidadãos do Médio Oriente, por exemplo.
Será que é verdade os milhões que serviram para comprar uma maior parte da Costa de Azur, de Paris ou este ou aquele clube de futebol foram bem adquiridos ?", indignou-se o presidente da Comissão da UA.