Agência Panafricana de Notícias

França quer "verdadeira" reconciliação com Ruanda

Kigali- Ruanda (PANA) -- O Presidente francês, Nicola Sarkozy, preconizou quinta-feira em Kigali uma "verdadeira" reconciliação entre o Ruanda e França.
Falando no quadro da sua visita ao Ruanda, Sarkozy condenou "o erro" do seu país "no plano genocida" do ex- Presidente ruandês assassinado (Juvenal Habyarimana).
"Com o Ruanda, queremos doravante construir sem dúvida uma cooperação bilateral sem igual", declarou resumidamente o Presidente francês no termo dum encontro em Kigali com o seu homólogo ruandês Paul Kagamé.
Esta visita é a primeira do género efectuada ao Ruanda por um Presidente francês desde o genocídio ruandês de 1994, lembre-se.
No Ruanda, país que restabeleceu, em Novembro de 2009, as relações diplomáticas com França suspensas três anos antes, Nicolas Sarkozy veio tentar dar novas bases a uma relação que continua chumbada por um pesado contencioso histórico e judicial.
"Eu afirmo que o que ocorreu no passado (no Ruanda) deixou um momento indelével (.
.
.
) Isto vai permitir à comunidade internacional e a França, em particular, reconhecer os seus erros políticos (no Ruanda)", sublinhou Sarkozy após uma visita efectuada ao memorial do genocídio de Gisozi, uma colina acima da cidade de Kigali onde foram sepultadas cerca de 250 mil vítimas destas tragédias.
Falando diante da imprensa, o Presidente Sarkozy sublinhou o "dever" dos chefes de Estado de olhar resolutamente para o futuro com vista a levar os dois povos à reconciliação.
"O processo (de reconciliação com o Ruanda) que iniciamos vai evoluir por etapa", declarou o líder francês anunciando o relançamento das actividades do centro de trocas culturais franco-ruandês no segundo semestre do ano 2010.
Além do centro cultural, "França projecta reabrir nos próximos dias a Escola Francesa Antoine de Saint Exupery" encerrada em Novembro da 2006, na sequência da ruptura das relações diplomáticas entre os dois países, anunciou Sarkozy.
"Se a reconciliação sucedeu bem entre os próprios Ruandeses porque a mesma coisa não pode acontecer entre o Ruanda e França", interrogou-se o Presidente francês que preconiza um novo "capítulo das relações bilaterais", baseadas no respeito mútuo.
Durante encontros entre os Presidentes Sarkozy e Kagamé realizados à porta fechada, foi evocada nomeadamente um eventual relançamento das actividades da Agência Francesa de Desenvolvimento, segundo uma fonte oficial ruandesa interrogada pela PANA.
Na mesma ocasião, indica a mesma fonte, também se falou duma missão exploratória do Movimento dos Empresários de França (MEDEF), onde França vai financiar o projecto duma central hidroeléctrica, Ruziz 3 (no sudoeste), que vai abastecer o Ruanda e o leste da República Democrática do Congo (RDC) de electricidade.
"Os novos sectores da cooperação bilateral entre o Ruanda e França vão dar prioridade doravante ao comércio, à educação, à saúde e à agricultura", declarou por sua vez o chefe de Estado ruandês Paul Kagamé.